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Mostrando postagens com o rótulo Candomblé e Culto aos Orixás

Ebó, descarrego, benzimentos, simpatias e rezas.

No ebó devemos tentar sentir o mesmo que o consulente. Nos colocar em seu lugar. Para que ele se livre daquele sentimento... pedindo  para que agente nunca o tenha. (José Oleriano da Silva) Benzimento, ebó, correntes de oração, defumação, passe, rezas, banho de folhas, descarregos, simpatias, energizações e muitas outras práticas de caráter espiritual são reduzidas, pelos céticos

Caboclo Arranca Toco

Caboclo índio curador. Pajé dominador dos segredos das folhas, raízes e frutos. Das pedras, do barro e da água. Dominador da comunicação com o mundo espiritual e com os ancestrais. Habitante das matas. Do interior das matas. Só. Isolado. Longe de tudo e todos. Entregue ao constante exercício espiritual. Responsável pela harmonia espiritual e religiosa da aldeia. Conselheiro supremo dos chefes caciques.

No Dia de Consciência, Eu Vi

Aquele dia era um belo dia. Um dia de cores. De sol. De sabores, saberes, odores. Teve chuva também. Foi no Vale do Anhangabaú. 20 de Novembro de 2013. Quarta feira de primavera/verão. Tinha comigo duas crianças pretas. Eu? Sou branco. Branco preto. As crianças eram pretas. Pretas pretas. Por algum motivo, muitas pessoas, pretas e brancas, pretas brancas, pretas pretas, brancas brancas, viram em nós algum tipo de atração, curiosidade... sei lá. Vinham tirar fotos. Do branco com os pretinhos. E me perguntavam: são seus? E eu respondia: sim são. Abria-se um sorriso e uma interrogação. Mas seus mesmo? Sim. Meus meus. Como? Não importa como. São meus. Só isso. Nunca imaginei que um branco com crianças pretas chamaria tanto a atenção no meio do dia de consciência. Será minha consciência? Naquele dia vi muitas cores. Muitos tons. Cabelos de todas as formas e densidades. Com acessórios e sem. Com panos e sem. Com dreds e sem. Lenços e chapeis, tranças e mais tranças. Que lindos cabelo

A Homossexualidade Sob um Olhar Candomblecista

Por Alan Geraldo Myleo Uma das questões mais polêmicas da sociedade atual é a homossexualidade. Cada sociedade, em diferentes épocas, deu tratamentos diferentes à questão. Se considerarmos a cultura ocidental como referencia, teremos o período pré-Igreja Católica e pós-Igreja Católica. A sociedade grega e romana não tinha a homossexualidade como um tabu. Ao contrário, em muitos casos era status para um homem se relacionar com outro homem que fosse um respeitado guerreiro ou membro das camadas superiores da sociedade de então. Há inúmeros relatos em obras literárias e cinematográficas sobre o homossexualismo da Idade Antiga. No oriente, transformam meninos comuns, ou mesmo os mais delicados e afeminados, em valorizadas concubinas que serviam como acompanhantes de homens ricos e importantes. Na índia, dentro das tradições hindus antigas, homens afeminados são considerados o “terceiro sexo” e que tem sensibilidades e dons espirituais mais aguçados do que heterossexuais. São

Orixás: Divindades ou Produtos?

Por Alan Geraldo Myleo Os Orixás existem para serem louvados e não vendidos. O culto aos orixás, independente de sua forma vive um grave problema. A comercialização de sua fé. Quando se fala em “terreiro de macumba’”, em pai ou mãe de santo, às pessoas que não são adeptas imaginam um feitiço, uma mironga, uma mandinga para trazer o amor, arrumar um emprego ou prejudicar um inimigo. Mulheres e homens traídos e vendedores que não conseguem vender são os que mais procuram. O jogo de Búzios é um instrumento de adivinhação nesse comércio. O ebó é algo que tem como objetivo resolver os problemas das pessoas. A iniciação é algo que trará o melhor emprego, o melhor companheiro, ou companheira, e todos os problemas das pessoas são resolvidos depois de iniciados. Estabelece-se uma relação exclusiva de troca entre o Orixá e aquele que cultua. Existem pessoas que colocam o Orixá de castigo. Fazem ameaças do tipo: “se você não me trazer tal coisa não lhe darei de comer”. Dentro de um te

O Candomblé e Suas Simbologias

·   Bater Cabeça Dentro das tradições simbólicas nas religiões afro-brasileiras em geral, a ato de “bater cabeça”, ou seja, se prostrar com a testa no chão aos pés do Sacerdote ou da própria entidade a que se está cultuando é comum a quase todas. Mas afinal, o que significa ou envolve tal atitude? O ato de “bater cabeça” carrega em si vários significados. Das mais antigas tradições dos reinos teocráticos de todo o mundo, a relação com o chefe de governo era sagrada. Não se podia olhar nos olhos de seu rei ou de sua rainha. Em sua presença os súditos ficavam prostrados ao chão. Os africanos vindos como escravos para o Brasil viviam, em África, nesse mesmo tipo de sociedade. Reinos e cidades-estados teocráticos. Mantinham relações totalmente sagradas com seus reis, rainhas, príncipes e princesas. E tais relações eram de comum acordo, pois, por ser considerada sagrada, não necessitava de obrigatoriedade pela força. A própria relação com o sagrado predispunha os súditos a

Origem dos Candomblés de Nação

A organização dos grupos Yorubás no Brasil coincide com o período em que a urbanização se acelera em cidades como Salvador-BA, Rio de Janeiro-RJ, Recife-PE e São Luís-MA. Foi também o período em que os movimentos abolicionistas ficavam cada vez mais fortes. Nessa época, início do séc. XIX, já era possível adquirir alforrias comprando ou ganhando dos senhores e das senhoras de escravos. Nesse contexto intensificaram-se as participações de escravos urbanos e ex-escravos alforriados nas confrarias religiosas. Eram irmandades católicas que funcionavam sob a autorização da Igreja Católica e que permitiam a reunião de negros e negras para fins religiosos católicos, porém a incorporação de elementos das crenças populares foram naturalmente ocorrendo. Foram dessas irmandades que surgiram muitas tradições culturais e religiosas tipicamente brasileiras como o Congado, o Maracatu e o Candomblé. Essas irmandades se organizavam de acordo com as etnias. Como aponta Verger “Os pretos de Angola

Gratidão e Devoção

O que seria eu Nesse mundo cão Sem os caminhos de Exú Sem o dom da comunicação. O que seria eu Nesse mundo de empecilhos, Sem a força de Ogum Sem sua obstinação. O que seria eu Nesse mundo sem fé Sem a astúcia, a esperteza e a certeza Do grande caçador, meu pai Odé. O que seria eu Nesse mundo de medo Sem Ossãe. Sem seus mistérios, Suas folhas, seu segredo. O que seria eu O que poderia fazer Sem saúde, sem bondade. Sem o pai Obaluayê. O que seria eu Nesse universo em transição Sem Bessen, Oxumarê. Sem o dom da transformação. O que seria eu nessa terra de malícia De egoísmo e tentação Sem Nanã, a grande Mãe E seu dom da compreensão. O que seria eu Nesse mundo sem devoção Sem Obá, mulher guerreira Sem seu dom da dedicação. O que seria eu Nesse mundo cego de ilusão Sem Ewá, senhora da visão. O que seria de mim Sem amor e vaidade Sem perceber o que há de bom Em mim mesmo. De verdade.

Maria entre as Mulheres: Matriarca da Fé nos Orixás

Por Alan Geraldo Myleo Natural do Rio de Janeiro, mais especificamente Bento Ribeiro, cresceu em uma família de católicos (brancos) na década de 1920. Logo na infância sua espiritualidade começou a se manifestar intensamente com crises que ninguém compreendia. A família católica, sem saber mais o que fazer depois de levar a padres, procurou um terreiro. Lá ela conheceu uma das pessoas mais importantes da vida de nome Dinorá. Foi com Dinorá, que era alguns anos mais velha, que Maria iniciou sua vida no culto aos Orixás. Foi feita de Xangô com Yansã dentro da tradição de Amolokô, muito comum no Rio de Janeiro. Logo na adolescência saiu da casa em que morava e foi viver com Dynorá. A partir de então passou a viver exclusivamente para o culto aos orixás. Em torno de seus 20 anos de idade conheceu um paulistano, por quem se interessou. Ele a convidou para se mudar para São Paulo para viverem juntos. E ela aceitou. Veio, com os orixás, seus guias e suas bolsas e se instalou

Bater Cabeça: submissão, adoração, respeito, confiança...

Dentro das tradições simbólicas nas religiões afro-brasileiras em geral, a ato de “bater  cabeça”, ou seja se prostrar com a testa no chão aos pés do Sacerdote ou da própria entidade a que se está cultuando é comum a quase todas. Mas afinal, o que significa ou envolve tal atitude? O ato de “bater cabeça” carrega em si vários significados. Das mais antigas tradições dos reinos teocráticos de todo o mundo, a relação com o chefe de governo era sagrada. Não se podia olhar nos olhos de seu rei ou de sua rainha. Em sua presença os súditos ficavam prostrados ao chão.  Os africanos vindos como escravos para o Brasil viviam, em África, nesse mesmo tipo de sociedade. Reinos e cidades-estado teocráticos. Mantinham relações totalmente sagradas com seus reis, rainhas, príncipes e princesas. E tais relações eram de comum acordo, pois, por ser considerada sagrada, não necessitava de obrigatoriedade pela força. A própria relação com o sagrado predispunha os súditos ao respeito às leis. N

Uma Oração Racional

    O céu ou a terra? Quando a grande força criadora, o mistério, a origem de tudo, Olodumáre, Zambe Maior, tudo criou, criou mutuamente a energia e a matéria, ou melhor da energia criou a matéria, como dizem os defensores do “Big Bang”. A matéria Ele dividiu em quatro elementos e criou as condições das infinitas metamorfoses desses elementos. Olodumáre deu a este planeta a vida que conhecemos. A força vital que criou todas as outras formas de vida. A vida que criou a vida. A vida que nos criou. E criou nossa consciência. A habilidade de saber que sabemos. A capacidade de questionar. A insaciável dúvida. A infinita curiosidade. Com essa capacidade passamos a nos “religar”. Buscar. Louvar. Pedir e agradecer àquilo que criou a vida, que por sua vez, nos criou. E então voltamos à origem. Ou melhor, nossa consciência nos apresenta nossa origem. Nossa curiosidade nos apresenta a origem material criada pelo princípio da energia, criada por Olodumáre, ou o Mistério. Os quatro

Iorubás, Jejes e Bantos entre as Primeiras Civilizações

Por Alan Geraldo Myleo Uma das principais omissões historiográficas do ensino de História no Brasil e no mundo é a associação de “primeiras civilizações” restrita aos povos do crescente fértil (Egito e Mesopotâmia). Utilizando critérios como domínio da agricultura, domesticação de animais, religião organizada, governos teocráticos, comércio e cidades-estados, os Egípcios, Persas, Fenícios, Hebreus e outros são considerados primeiras civilizações. Crescente Fértil: Oriente Médio A historiografia, ainda eurocêntrica, não aponta, nem mesmo em hipóteses, que os povos da África Subsaariana tiveram o mesmo tipo de organização, em torno de importantes rios da Bacia do Níger como Ògúm, Obá, Oxum, Erinlé, ou mesmo os inúmeros rios que compõem a bacia do Congo. e outros.                                                              Bacia do Níger Bacia do Congo Em torno desses rios, assim como no Crescente Fértil (Nilo, Tigre e Eufrates), surgiram Cidades-esta