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Mostrando postagens de novembro, 2011

Infância: um paradigma social

Retomando tempos coloniais, no caso específico do Brasil, a história das crianças é trágica. Os primeiros relatos de crianças rejeitadas, mal tratadas ou mesmo exploradas no Brasil se remete aos filhos de portugueses com índias. Não eram índios e também não eram europeus. Então o que eram? Nada. Alguém sem identidade. Sem referência. Que, por sua vez, poderia ser convertido em servo ou escravo por sua condição natural. Depois, com a escravidão africana, crianças que não serviam para o trabalho eram expulsas das fazendas, deixadas à própria sorte. Com as leis abolicionistas, como a do Ventre Livre por exemplo. Essa questão piorou. Ao longo dos anos e da "evolução" social do país, o surgimento de famílias sem compromisso com a formação daqueles que são postos no mundo,  é cada vez mais intenso. E isso gera cada vez mais as condições propícias para o aumento do trabalho e da exploração infantil, em vários contextos. Quando nos questionamos sobre tais condições, nos vem

Público e Privado no cotidiano social

As esferas se confundem em uma complicada rede de conflitos entre os direitos e os deveres. As ações individuais que geram consequências individuais devem ser proibidas pelo Estado? O Estado tem o direito de regular e se faz na esfera privada? São esses questionamentos que permeiam tais relações entre as ações individuais nas esferas públicas assim as ações do Estado nas esferas privadas. A Revolução Francesa é o marco do mundo moderno, não só por estruturar um Estado Burguês. Mas pelo fato de, através desse novo modelo de Estado, ter-se alterado todas as esferas das instituições privadas. Como disse Michelle Perrot “A vida pública postula a transparência; ela pretende transformar os ânimos e os costumes, criar um homem novo em sua aparência, linguagem e sentimentos, dentro de um tempo e de um espaço remodelados, através de uma pedagogia do signo e do gesto que procede do exterior para o interior.”  Além disso “(...) ela proclama os direitos do indivíduo (...)”. Essa concepção permeia

História Ambiental

Em todos os tempos de nossa História, e também Pré-História, o meio ambiente é um dos fatores definidores do modo de vida humano e todas as suas amplitudes. Se observarmos os registros rupestres e a arte em cerâmica das primeiras expressões escritas rios, montanhas e animais estão no centro das representações. Ao longo do desenvolvimento as civilizações, como as do crescente fértil arábico, as do Nilo, do rio Níger, do Amazonas, do Xingu, do chinês rio Amarelo, do Ganges, entre outros, o controle adaptação desses e nesses ambientes foi o fator diferencial para a produção de riquezas e bens que permitiram a multiplicação e domínio planetário da espécie Homo Sapiens Sapiens. O prospero Mar Mediterrâneo e seu clima favorável à pesca e cultivos também se destaca nessa relação entre meio ambiente e desenvolvimento dos povos. Desde tempos antigos os sábios estudiosos das ciências humanas e da natureza tiveram plena consciência da necessidade de as atividades humanas respeitarem o ci

Caso USP - A vergonha nacional do ano

Existe uma classe pensante em nosso país? São os professores e estudantes dos cursos ligados à educação? Bom, pelo menos deveriam ser. Lembro-me que, há pouco tempo, escrevi um artigo criticando o povo brasileiro pelas mazelas de nosso “jeitinho” (corrupção, desonestidade, alienação, conservadorismo). Agora o Brasil ilustra esse conceito com mais um cenário vergonhoso em que 2000 futuros professores estão manifestando o direito de fumar maconha livremente pelo campus da “melhor” universidade do Brasil. Manifestar e mobilizar grupos em prol de direitos civis e políticos é maravilhoso. Os movimentos pela legalização da maconha, por exemplo, são compreensíveis. Mas por que esses dois mil estudantes nunca fizeram greves e manifestações pelo fim da corrupção, por uma reforma no sistema educacional no Brasil, por melhor distribuição de renda, pela nacionalização total do pré-sal, pelo aumento do salário mínimo, pelo aumento do salário dos funcionários públicos, e muitos outros ponto

Direitos...

Uma analogia entre a música de Sá e Guarabira, SOBRADINHO ( http://www.youtube.com/watch?v=WUi38wsiAdQ )  e o filme Narradores de Javé.  A Guerra de Canudos. O sertão vai virar mar, e mar vai virar sertão.  Dito e feito. O sertão virou mar, pois Antônio Biá, o único alfabetizado de Javé, não escreveu a história daquele povo. Talvez por que não se sentisse do próprio povo. Era um forasteiro. Não tinha raiz naquele "fim de mundo" que foi engolido pela águas da represa para a usina hidrelétrica.  Há um século a República prometia modernidade. Mas modernidade exigia impostos. Impostos para oferecer direitos. E que direitos tinham os sertanejos? Direitos de perder suas terras, suas vacas magras. Mas a esperança da salvação cristã era viva no catolicismo popular e aflorada pelo messianismo sebastianista trazido por rebeldes da grande instituição I.C.A.R.. E assim, fatores diversos uniram milhares de sertanejos baianos, jagunços, beatas e "cabras da peste" e