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Mostrando postagens de julho, 2019

Questão de gênero no Candomblé

O Candomblé tem origem africana. Mas é brasileiro. Nascido e formado no Brasil. Os Iorubás e bantos eram patriarcais, na maioria. Porém mulheres também organizavam cultos e sociedades: geledes, Yamin Oxorongá. Mulheres sempre foram parte importante na mitologia: Oxum, Iemanjá, Iansã como rainhas, mães, guerreiras, esposas. Não tenho conhecimento para citar nem uma fração de sociedades, representações e poderes femininos próprios dessas culturas. No Brasil o Candomblé surgiu através de mulheres, como apontam as bibliografias que partem de Pierre Verger. Mulheres pertencentes à irmandades católicas, e que, justamente por terem aval das paróquias e padres, conseguiam se reunir e tiveram espaço para  reorganizar culto.  É basicamente isso que a historiografia aponta. Porém ocorreu a participação de homens no processo. Babalaôs carregavam o segredos dos odus,  e contribuíram para a criação do jogo de Búzios, que passa a ser um instrumento do oráculo de Ifa manuseado por mulheres (algo até

Candomblé não é magia

O Candomblé é um misterioso tabu para a maioria das pessoas que só conhecem de nome, de ouvir falar. As pessoas (muitas vezes até  umbandistas) imaginam que o candomblé é a mais profunda magia. Uma mistura de feitiçaria com possessão e transe. Muitas vezes, nós candomblecistas, somos vistos como pessoas com superpoderes, capazes de fazer mágicas.  Esse imaginário de bruxaria misturado com satanismo que prática rituais de sangue é o rótulo posto pela sociedade sobre o Candomblé.  Candomblé não é magia, não é seita secreta, e nem confere super poderes a quem se inicia. O Candomblé é uma doutrina espiritual/religiosa que pratica o culto e a conexão com a natureza, com a ancestralidade e com o mundo não material. O Candomblé é o resultado histórico de um sincretismo que tem raízes na África e que se aprofunda nos quilombos, nas senzalas, nas periferias urbanas e "se organiza" como religião ao longo da lenta "libertação" de escravos nos entornos das grandes cidades co

Não é como te dizem

Te dizem que o país está quebrado. Te dizem quem é o culpado. Te obrigam a pagar tudo dobrado, trabalhar até morrer, comer veneno, e ser mal pago. Te dizem que o sacrifício é de todos e que Deus está do nosso lado, exceto de quem vive no pecado. Te fazem acreditar que se tudo der errado é porque você não tem se esforçado. E se properar na riqueza é por tanto ter trabalhado, sendo herança foi trabalho acumulado.  E se a desgraça for por doença e fatalidade, reza e pede perdão, pra sofrer menos, se o dinheiro não sobrar pra mais nada além do pão.