Em todos os tempos de nossa História, e também Pré-História, o meio ambiente é um dos fatores definidores do modo de vida humano e todas as suas amplitudes. Se observarmos os registros rupestres e a arte em cerâmica das primeiras expressões escritas rios, montanhas e animais estão no centro das representações.
Ao longo do desenvolvimento as civilizações, como as do crescente fértil arábico, as do Nilo, do rio Níger, do Amazonas, do Xingu, do chinês rio Amarelo, do Ganges, entre outros, o controle adaptação desses e nesses ambientes foi o fator diferencial para a produção de riquezas e bens que permitiram a multiplicação e domínio planetário da espécie Homo Sapiens Sapiens. O prospero Mar Mediterrâneo e seu clima favorável à pesca e cultivos também se destaca nessa relação entre meio ambiente e desenvolvimento dos povos.
Desde tempos antigos os sábios estudiosos das ciências humanas e da natureza tiveram plena consciência da necessidade de as atividades humanas respeitarem o ciclo natural dos diferentes ambientes.
As invasões bárbaras promovida pelos Saxões foi um dos grandes exemplos de devastações promovidas em tempos remotos na Europa. A trilogia Senhor dos Anéis e o filme Rei Arthur mostram essa preocupação que os povos agrícolas tinham com o meio ambiente.
As colonizações do período renascentista também registraram muitas passagens e relatos que detalhavam as diferenças nas relações homem/natureza de acordo com cada povo. Um dos pontos destacados nesse processo é a relação entre trabalho, produção e transformação da natureza. Não alterar o espaço natural é, também, não trabalhar e não produzir, segundo a concepção européia da época. A harmonia em que os povos silvícolas americanos mantinham com seu meio ambiente era algo passível de interpretações de menosprezo.
As características étnicas também foram entendidas de acordo com o ambiente em que se desenvolveram. Com destaque para a comparação entre os ameríndios da América Portuguesa e os da América Espanhola. Estes últimos com um sistema de trabalho e produção já estruturado serviram como mão-de-obra aos espanhóis, e que contribui para sua permanência cultural, mesmo sob muita exploração. Já os povos da América portuguesa, favorecidos por um ambiente muito mais fértil em recursos alimentícios não desenvolveram sistema de trabalho e produção intensiva e, portanto, não foram absorvidos pelo interesse português, que os substituiu por africanos. Esses também com um sistema de trabalho, produção e mineração, estruturados como eram necessários no ambiente em que viviam.
A formação do homem caipira, ou sertanejo, brasileiro. Monteiro Lobato, Euclides da Cunha, João Guimarães Rosa descrevem, em seus romances, as condições naturais que definem o ethos e a constituição física desses povos. Com riqueza de detalhes esses romancistas mostraram ao mundo o verdadeiro retrato do povo brasileiro, junto com Darcy Ribeiro, sempre destacando o meio ambiente; o espaço natural como fator formador desse nosso povo.
Contudo, as questões ambientais que “perturbam” as mentes preocupadas dos atuais ambientalistas está voltada à degradação, destruição, esgotamento dos recursos necessários à sobrevivência da espécie humana.
A revolução industrial planetária, promovida por europeus e estadunidenses, transformou a lógica das relações homem/natureza. A natureza se tornou mais um produto de consumo. A ideologia cristã que afirma que o homem é a imagem e semelhança de Deus oferece uma base para o homem se sobrepor à natureza e à todas as outras espécies vivas. Sustentabilidade, ações ecologicamente corretas e reciclagem estão no centro dos discursos ambientalistas. A cultura de consumo como motor do destruição é um dos principais focos da preocupação ambiental de nosso tempo.
Só a história pode nos oferecer as bases e exemplos de como o homem pode e deve viver em harmonia com o meio ambiente. E nessa busca pelo passado os exemplos dos povos bárbaros e selvagens do mundo colonizado serão os melhores para seguirmos, uma vez que a lógica da destruição, da subjugação da natureza para a acumulação de riquezas é algo natural do modo de vida capitalista originado na Europa renascentista e consolidado com as revoluções burguesas, em que se estruturou o modelo de Estado Burguês especializado em manter o ciclo da “extração > produção > consumo” sob a égide ideológica da liberdade, igualdade e fraternidade que nossos meios de comunicação, com muito entretenimento, mantém rígido.

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