Linhagem do Candomblé Kêto no Brasil – Por Alan Geraldo Myleo
As informações que seguem foram retiradas do livro de Pierre Verger – Orixás – Deuses Iorubás na África e no Novo
Mundo. A construção dessa linhagem que segue gera, até hoje, muitas
divergências pois, além se serem baseadas em versões orais, envolvem uma certa
vaidade devido a importância histórica, social, cultural e religiosa que envolvem
tais versões.
1º Terreiro de Candomblé Kêto
(oficialmente
reconhecido) (Primeira metade do séc. XIX)
Ilê
Axé Iyá Nassô Oká
Barroquinha,
Salvador – BA
1ª Yalorixá
- Iyá Nassô
2ª Yalorixá
– Marcelina Obatossí
3ª
Yalodê ou Erelun(como era conhecida na sociedade Geledé)
Nome
de batismo: Maria Júlia Figueiredo
Obs: essa é
considerada a primeira linhagem da Nação Kêto fundada com o auxílio do Babalawô
Bangboxê Obiticô. Segundo algumas versões orais, YáNassô era uma das três
princesas vindas do Império de Oyó( junto com Yá Acalá e Yá Adetá) que foram
alforriadas por outros escravos e libertos através da compra das cartas de
alforrias.
A sucessão de Marcelina Obatossí por Yalodê não foi aceita por alguns
membros da comunidade do Ilê Axé Iyá Nassô Oká. Dessa discordância nasce o Axé do Alto do Gantois e do Centro Cruz Santa do Axé (atual
Casa Branca do Engenho Velho).
Terreiro Iyá Omi Axé Iyamassê – Alto do
Gantois
Salvador
– BA (Final do Séc. XIX)
Yálorixá
Júlia Maria da Conceição (irmã de santo de Marcelina Obatossí)
Mâe
Menininha do Gantois é a quarta geração desse axé, ou seja, ela seria a bisneta
de santo de Júlia Maria, fundadora do Axé do Gantois.
Obs: Esse
terreiro teve a contribuição de Adetá Okanlandê, de Oxossi. Essa mulher
representava a família Arô, importante na cidade de Kêto, África.
Axé Opô Afonjá
(Casa
Branca do Engenho Velho)
1ª
Yalorixá – Eugênia Ana Santos - Aninha
Obabií;
Obs:
foi auxiliada pelo Babalawô Essa Eburô(Joaquim
Vieira da Silva);
Vieira da Silva);
2ª
Yalorixá – Tia Badá Olufandeí(Maria da Purificação Lopes) – 1938
3ª
Yalorixá – Mãe Senhora Oxum Miua (Maria Bibiana do Espírito Santo)
Obs: Mãe Senhora
tinha ligação sanguínea com YáNassô Oká. Por isso foi reconhecida pela realeza
de Oyó como a matriarca e maior representante da linhagem real e sagrada do
culto aos Orixás no Brasil. Esse reconhecimento causou polêmicas pelas
imprecisões das informações, quase todas baseadas em relatos orais.
A atual Yalorixá desse terreiro é
Mãe Estella de Oxóssi.
Gerações posteriores que levaram o Candomblé de Kêto para outras
partes de Brasil
·
Asé Opô Aganju – Babalorixá Balbino Daniel de
Paula – Salvador – BA (Origem: Casa Branca do Engenho Velho – Axé Opô Afonjá);
·
Ilê Ori Anlá Funfun – Babalorixá Idérito do
Nascimento Corral – Guarulhos – SP(Origem: Alto do Gantois);
·
Axé Opô Afonjá em Coelho da Rocha – RJ - Yalorixá
Agripina Souza de Xangô;
·
Terreiro Nossa Senhora das Candeias – Yalorixá
Nitinha de Oxum;
·
Ilê Ogunjá – Matatu – Salvador – BA – Babalorixá
Procópio Xavier de Souza – OgumJobi
Qualquer adepto do Candomblé nos dias atuais que tenta
entender as origens de sua própria religião assim como seus fundamentos e
liturgias se deparam com inúmeras contradições, incoerências e divergências entre
os Axés em que se subdividiu a nação Kêto. A primeira divisão se deu pela não
aceitação da determinação de uma Yalorixá, que muitos acreditaram ser a melhor
escolha. Mas quem escolhe? Tradicionalmente, o mais velho da casa ou alguém de
fora (de confiança). Outro ponto a se refletir é. A cada divisão algo era
modificado dentro das liturgias. Pequenas regras, rituais, rezas, cantigas eram
adaptadas por cada líder de um novo Axé ou Terreiro. Nessas modificações
houveram maiores e menores níveis de respeito e coerência com as matrizes.
Houveram também aqueles que em nada respeitaram as tradições mais fundamentais.
Há os que adaptaram as regras ao tempo e ao espaço. É com conhecimento e bom
senso que se avalia as medidas dessas divergências. O mais importante é
conhecer, pensar e viver as tradições.
Achei bem legal, pois você separou as linhagens sem esquecer a matriz muito bom parabéns .
ResponderExcluirWyooajagdnan.