Por Alan Geraldo Myleo
Uma das questões mais polêmicas da sociedade
atual é a homossexualidade. Cada sociedade, em diferentes épocas, deu
tratamentos diferentes à questão. Se considerarmos a cultura ocidental como
referencia, teremos o período pré-Igreja Católica e pós-Igreja Católica. A sociedade
grega e romana não tinha a homossexualidade como um tabu. Ao contrário, em
muitos casos era status para um homem se relacionar com outro homem que fosse
um respeitado guerreiro ou membro das camadas superiores da sociedade de então.
Há inúmeros relatos em obras literárias e cinematográficas sobre o
homossexualismo da Idade Antiga.
No oriente, transformam meninos comuns, ou
mesmo os mais delicados e afeminados, em valorizadas concubinas que serviam
como acompanhantes de homens ricos e importantes. Na índia, dentro das
tradições hindus antigas, homens afeminados são considerados o “terceiro sexo”
e que tem sensibilidades e dons espirituais mais aguçados do que
heterossexuais. São respeitados como tal como indivíduos espiritualmente superiores.
Na América do Sul, os índios brasileiros nunca
consideraram como anormal um menino afeminado ou uma menina masculinizada. Nada
tinha de diferente. Nenhum tratamento excludente. Como no Oriente, muitos
desses se tornavam Pajés, pois seus dons espirituais são considerados mais
aguçados.
Dentro da tradição do culto aos Orixás não é
diferente. Não existe nenhum relato ou itan que considere a homossexualidade
algo errado ou anormal. Pelo contrário. Existem sim itans que contam histórias
de amor entre Orixás. Como é o caso de Ossãe e Odé.
A moral e ética que permeiam o culto aos
Orixás, não considera padrões de comportamento que proporcionem infelicidade às
pessoas como corretos. Tudo que não prejudica o próximo nem a si mesmo é
válido, e se traz a felicidade deve ser preservado. O sentimento é o fator mais
importante. O bem estar está acima de tudo. Essa mesma moral e ética não considera
também a natureza sexual humana algo imutável. Ou seja, não acredita que uma
pessoa não possa, em algum momento da vida se relacionar com pessoas do mesmo
sexo, mesmo não sendo um homem afeminado ou uma mulher masculinizada. O sentimento
acontece naturalmente dentro das pessoas.
Os padrões de comportamento em que nossa sociedade
vive ainda é medieval quando falamos de homossexualidade. Medieval no sentido
de se considerar um pecado mortal gostar de uma pessoa do mesmo sexo. Uma
vergonha para a família. E não só por parte da camada mais conservadora. O
tempo todo pessoas praticam preconceitos disfarçados de respeito. Como aquela
pessoa que aceita desde que não seja com ela ou com alguém da família.
Há um grande número de pessoas homossexuais que
encontram respeito e acolhimento nos terreiros de culto aos Orixás. Justamente
por essa concepção, mesmo que inconsciente. O culto aos Orixás agrega qualquer
pessoa que queira fazer parte independente de sua orientação sexual, sua cor,
sua condição econômica. Dentre os Babalorixás e Yalorixás a maioria é homossexual
ou tem (ou já teve) um relacionamento homossexual. E não se encara tal questão
como um tabu. Mas com a naturalidade que se cabe de acordo com a lógica do pensamento
segundo a moral e ética do culto aos Orixás.
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