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Liberdade ou igualdade? Capitalismo ou Socialismo?

    Liberdade e igualdade são conceitos. Não fatos. Uma abstração teórica.    O estado de liberdade e de igualdade são construídos de acordo com determinados padrões éticos e políticos da sociedade. Ninguém ou nenhuma sociedade é ou já foi plenamente livre e igual, se considerarmos a definição básica de tais conceitos.     A Declaração Universal dos Direitos Humanos diz: “todos os homens são livres e iguais...”. Mas basta observar à sua volta, ou mesmo observar a sua própria condição humana, que perceberá que essa ideia é falsa.     O único estado de igualdade, literal,  é a vontade sobre algo. Quando duas pessoas querem a mesma coisa elas se tornam iguais. Iguais em seus objetivos. E quando existe a vontade de duas pessoas sobre a mesma coisa surge a competição. Portanto o estado de igualdade é, na essência, o estado de guerra, de competição entre as pessoas. E para não haver a competição para a posse de algo, ou o prevalecimento de alguma vontade sobre a outra, o Estado

A Homossexualidade Sob um Olhar Candomblecista

Por Alan Geraldo Myleo Uma das questões mais polêmicas da sociedade atual é a homossexualidade. Cada sociedade, em diferentes épocas, deu tratamentos diferentes à questão. Se considerarmos a cultura ocidental como referencia, teremos o período pré-Igreja Católica e pós-Igreja Católica. A sociedade grega e romana não tinha a homossexualidade como um tabu. Ao contrário, em muitos casos era status para um homem se relacionar com outro homem que fosse um respeitado guerreiro ou membro das camadas superiores da sociedade de então. Há inúmeros relatos em obras literárias e cinematográficas sobre o homossexualismo da Idade Antiga. No oriente, transformam meninos comuns, ou mesmo os mais delicados e afeminados, em valorizadas concubinas que serviam como acompanhantes de homens ricos e importantes. Na índia, dentro das tradições hindus antigas, homens afeminados são considerados o “terceiro sexo” e que tem sensibilidades e dons espirituais mais aguçados do que heterossexuais. São

Orixás: Divindades ou Produtos?

Por Alan Geraldo Myleo Os Orixás existem para serem louvados e não vendidos. O culto aos orixás, independente de sua forma vive um grave problema. A comercialização de sua fé. Quando se fala em “terreiro de macumba’”, em pai ou mãe de santo, às pessoas que não são adeptas imaginam um feitiço, uma mironga, uma mandinga para trazer o amor, arrumar um emprego ou prejudicar um inimigo. Mulheres e homens traídos e vendedores que não conseguem vender são os que mais procuram. O jogo de Búzios é um instrumento de adivinhação nesse comércio. O ebó é algo que tem como objetivo resolver os problemas das pessoas. A iniciação é algo que trará o melhor emprego, o melhor companheiro, ou companheira, e todos os problemas das pessoas são resolvidos depois de iniciados. Estabelece-se uma relação exclusiva de troca entre o Orixá e aquele que cultua. Existem pessoas que colocam o Orixá de castigo. Fazem ameaças do tipo: “se você não me trazer tal coisa não lhe darei de comer”. Dentro de um te

O Candomblé e Suas Simbologias

·   Bater Cabeça Dentro das tradições simbólicas nas religiões afro-brasileiras em geral, a ato de “bater cabeça”, ou seja, se prostrar com a testa no chão aos pés do Sacerdote ou da própria entidade a que se está cultuando é comum a quase todas. Mas afinal, o que significa ou envolve tal atitude? O ato de “bater cabeça” carrega em si vários significados. Das mais antigas tradições dos reinos teocráticos de todo o mundo, a relação com o chefe de governo era sagrada. Não se podia olhar nos olhos de seu rei ou de sua rainha. Em sua presença os súditos ficavam prostrados ao chão. Os africanos vindos como escravos para o Brasil viviam, em África, nesse mesmo tipo de sociedade. Reinos e cidades-estados teocráticos. Mantinham relações totalmente sagradas com seus reis, rainhas, príncipes e princesas. E tais relações eram de comum acordo, pois, por ser considerada sagrada, não necessitava de obrigatoriedade pela força. A própria relação com o sagrado predispunha os súditos a

Origem dos Candomblés de Nação

A organização dos grupos Yorubás no Brasil coincide com o período em que a urbanização se acelera em cidades como Salvador-BA, Rio de Janeiro-RJ, Recife-PE e São Luís-MA. Foi também o período em que os movimentos abolicionistas ficavam cada vez mais fortes. Nessa época, início do séc. XIX, já era possível adquirir alforrias comprando ou ganhando dos senhores e das senhoras de escravos. Nesse contexto intensificaram-se as participações de escravos urbanos e ex-escravos alforriados nas confrarias religiosas. Eram irmandades católicas que funcionavam sob a autorização da Igreja Católica e que permitiam a reunião de negros e negras para fins religiosos católicos, porém a incorporação de elementos das crenças populares foram naturalmente ocorrendo. Foram dessas irmandades que surgiram muitas tradições culturais e religiosas tipicamente brasileiras como o Congado, o Maracatu e o Candomblé. Essas irmandades se organizavam de acordo com as etnias. Como aponta Verger “Os pretos de Angola

Gratidão e Devoção

O que seria eu Nesse mundo cão Sem os caminhos de Exú Sem o dom da comunicação. O que seria eu Nesse mundo de empecilhos, Sem a força de Ogum Sem sua obstinação. O que seria eu Nesse mundo sem fé Sem a astúcia, a esperteza e a certeza Do grande caçador, meu pai Odé. O que seria eu Nesse mundo de medo Sem Ossãe. Sem seus mistérios, Suas folhas, seu segredo. O que seria eu O que poderia fazer Sem saúde, sem bondade. Sem o pai Obaluayê. O que seria eu Nesse universo em transição Sem Bessen, Oxumarê. Sem o dom da transformação. O que seria eu nessa terra de malícia De egoísmo e tentação Sem Nanã, a grande Mãe E seu dom da compreensão. O que seria eu Nesse mundo sem devoção Sem Obá, mulher guerreira Sem seu dom da dedicação. O que seria eu Nesse mundo cego de ilusão Sem Ewá, senhora da visão. O que seria de mim Sem amor e vaidade Sem perceber o que há de bom Em mim mesmo. De verdade.

Ser Como Estamos: Humanos

À minha frente vejo uma mesa. Em sua volta uma família feliz. Bebendo, comendo, cantando, gargalhando. Ao lado da mesa. Vejo restos de alimento. Ao redor dos restos outra família feliz. Um bando de pombos comendo, grunhindo, brigando, pulando. Olho pra cima e vejo nuvens. Juntas, unidas como uma família. Felizes. Quase chovendo. Prestes a despejar sobre mim bilhões de lágrimas de felicidade. À minha frente, logo abaixo de minha caneta, vejo uma família de linhas sobre um papel branco. Felizes a receber minhas letras. Estranhas mas verdadeiras. Vejo ainda, sobre minha cabeça, uma câmera a vigiar cada momento. Cada movimento. Feliz a guardar em sua memória cada imagem. Cada expressão de vida. Do vento, do pombo, de mim, do universo. Mais ao lado vejo outra família. Palmeiras felizes. Dançando ao vento. Soprando com carinho, como só se encontra no litoral, momentos antes de um temporal. Todos são felizes. Por serem o que são. Como são. Apenas existirem lhes basta. Comer, sorrir, b