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Ser Como Estamos: Humanos


À minha frente vejo uma mesa. Em sua volta uma família feliz. Bebendo, comendo, cantando, gargalhando. Ao lado da mesa. Vejo restos de alimento. Ao redor dos restos outra família feliz. Um bando de pombos comendo, grunhindo, brigando, pulando. Olho pra cima e vejo nuvens. Juntas, unidas como uma família. Felizes. Quase chovendo. Prestes a despejar sobre mim bilhões de lágrimas de felicidade. À minha frente, logo abaixo de minha caneta, vejo uma família de linhas sobre um papel branco. Felizes a receber minhas letras. Estranhas mas verdadeiras. Vejo ainda, sobre minha cabeça, uma câmera a vigiar cada momento. Cada movimento. Feliz a guardar em sua memória cada imagem. Cada expressão de vida. Do vento, do pombo, de mim, do universo. Mais ao lado vejo outra família. Palmeiras felizes. Dançando ao vento. Soprando com carinho, como só se encontra no litoral, momentos antes de um temporal. Todos são felizes. Por serem o que são. Como são. Apenas existirem lhes basta. Comer, sorrir, brincar, brigar, dançar, chover, filmar, soprar. Apenas ser o que foi feito para ser. Ser na simplicidade. Ser como se deve ser. Ser em sentimento. Ser também em sofrimento. Como eu mesmo sofro. Como todos sofrem, por vezes. Ter no sofrimento um fator de equilíbrio. Daquilo que somos junto ao cosmos. Às forças do universo. Ser como somos. O que somos. Como estamos. Humanos. 

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