À minha frente
vejo uma mesa. Em sua volta uma família feliz. Bebendo, comendo, cantando,
gargalhando. Ao lado da mesa. Vejo restos de alimento. Ao redor dos restos
outra família feliz. Um bando de pombos comendo, grunhindo, brigando, pulando. Olho
pra cima e vejo nuvens. Juntas, unidas como uma família. Felizes. Quase chovendo.
Prestes a despejar sobre mim bilhões de lágrimas de felicidade. À minha frente,
logo abaixo de minha caneta, vejo uma família de linhas sobre um papel branco. Felizes
a receber minhas letras. Estranhas mas verdadeiras. Vejo ainda, sobre minha
cabeça, uma câmera a vigiar cada momento. Cada movimento. Feliz a guardar em
sua memória cada imagem. Cada expressão de vida. Do vento, do pombo, de mim, do
universo. Mais ao lado vejo outra família. Palmeiras felizes. Dançando ao
vento. Soprando com carinho, como só se encontra no litoral, momentos antes de
um temporal. Todos são felizes. Por serem o que são. Como são. Apenas existirem
lhes basta. Comer, sorrir, brincar, brigar, dançar, chover, filmar, soprar. Apenas
ser o que foi feito para ser. Ser na simplicidade. Ser como se deve ser. Ser em
sentimento. Ser também em sofrimento. Como eu mesmo sofro. Como todos sofrem,
por vezes. Ter no sofrimento um fator de equilíbrio. Daquilo que somos junto ao
cosmos. Às forças do universo. Ser como somos. O que somos. Como estamos. Humanos.
O conceito de agente público, servidor público, é um dos alicerces fundamentais do processo civilizatório que o Brasil quase não tem. Um agente público serve o público, defende o público, o interesse, os direitos, a segurança, os corpos e os lares do público. Público é o conjunto de cidadãos que pagam os impostos, que por sua vez pagam os salários, aposentadorias e todos os recursos para que existam as instituições públicas. Só que o agente precisa ter esse conceito e essa "crença" no papel social do SERVIÇO público. Antes de reparar no pior, vamos reparar no melhor. Se existe escola, hospital, coleta de lixo e outros serviços públicos que funcionam, bem ou mal, é graças aos bons servidores públicos. Se ainda há crianças aprendendo a ler e escrever, hospitais atendendo pessoas é graças aos bons servidores públicos. E a coisa toda, da polícia ao sistema funerário, só não é melhor por causa da quantidade enorme de pessoas despreparadas moralmente, psicologicamente e intelectua...
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