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O evangelho e a revolução pelo Perdão.

Antigamente, muito antigamente tudo se fazia diferente. houve um tempo em que não se tinha lei Todo mundo fazia o que queria E sempre o mais forte prevalecia E quase ninguém sabia nem mesmo O que significava direito O Direito, a lei, a ética ou a justiça O que dirá se preocupar Se o outro tem sentimento. O tempo passou um tanto E de tanto se fazer injustiça e sofrimento Teve um rei que decretou Que pra toda injustiça cometida Haveria de ter vingança na mesma medida e proporção Olho por olho e dente por dente Lei aplicada diferente De acordo  com a nobreza do parente. E mais tempo foi passando e pra todo lado todo mundo se confundia Quase ninguém entendia direito a diferença entre justiça e a vingança. Escrevendo e registrando Espalhando pra todo canto a lei de Roma, dos romanos Que era cega e tinha balança Pra dar qualquer sentença e punição Na mesma medida e proporção Do mal causado e cometido Contra qualquer Cidadão. Mas tanta lei não dava conta Guerr

Medo

Socorro! Estou com medo. Medo. Estou cheio de medo. Medo do mesmo. Medo de estar de algum jeito não sendo perfeito. Estou sempre com medo. De não ser aceito do jeito que eu sou Medo de ser rejeitado julgado Medo de não me fazer entender Medo de errar, de não agradar, de não conseguir ensinar. Medo do injusto. Medo do falso e do hipócrita. Vivo com medo. Medo na rua, na praça,  na praia. Medo de certos ladrões e de certas polícias.   Medo do bêbado Medo do pedófilo que abusa Da filha, da prima, da amiga da amiga. De qualquer menina. Medo de idiotas armados. Medo dos ricos egoístas. Medo do futuro dos pobres. Medo do câncer. Medo perder quem se ama Medo. Medo de atravessar. O medo. #decaneta #poesia #versos #instapoesia

Questão de gênero no Candomblé

O Candomblé tem origem africana. Mas é brasileiro. Nascido e formado no Brasil. Os Iorubás e bantos eram patriarcais, na maioria. Porém mulheres também organizavam cultos e sociedades: geledes, Yamin Oxorongá. Mulheres sempre foram parte importante na mitologia: Oxum, Iemanjá, Iansã como rainhas, mães, guerreiras, esposas. Não tenho conhecimento para citar nem uma fração de sociedades, representações e poderes femininos próprios dessas culturas. No Brasil o Candomblé surgiu através de mulheres, como apontam as bibliografias que partem de Pierre Verger. Mulheres pertencentes à irmandades católicas, e que, justamente por terem aval das paróquias e padres, conseguiam se reunir e tiveram espaço para  reorganizar culto.  É basicamente isso que a historiografia aponta. Porém ocorreu a participação de homens no processo. Babalaôs carregavam o segredos dos odus,  e contribuíram para a criação do jogo de Búzios, que passa a ser um instrumento do oráculo de Ifa manuseado por mulheres (algo até

Candomblé não é magia

O Candomblé é um misterioso tabu para a maioria das pessoas que só conhecem de nome, de ouvir falar. As pessoas (muitas vezes até  umbandistas) imaginam que o candomblé é a mais profunda magia. Uma mistura de feitiçaria com possessão e transe. Muitas vezes, nós candomblecistas, somos vistos como pessoas com superpoderes, capazes de fazer mágicas.  Esse imaginário de bruxaria misturado com satanismo que prática rituais de sangue é o rótulo posto pela sociedade sobre o Candomblé.  Candomblé não é magia, não é seita secreta, e nem confere super poderes a quem se inicia. O Candomblé é uma doutrina espiritual/religiosa que pratica o culto e a conexão com a natureza, com a ancestralidade e com o mundo não material. O Candomblé é o resultado histórico de um sincretismo que tem raízes na África e que se aprofunda nos quilombos, nas senzalas, nas periferias urbanas e "se organiza" como religião ao longo da lenta "libertação" de escravos nos entornos das grandes cidades co

Não é como te dizem

Te dizem que o país está quebrado. Te dizem quem é o culpado. Te obrigam a pagar tudo dobrado, trabalhar até morrer, comer veneno, e ser mal pago. Te dizem que o sacrifício é de todos e que Deus está do nosso lado, exceto de quem vive no pecado. Te fazem acreditar que se tudo der errado é porque você não tem se esforçado. E se properar na riqueza é por tanto ter trabalhado, sendo herança foi trabalho acumulado.  E se a desgraça for por doença e fatalidade, reza e pede perdão, pra sofrer menos, se o dinheiro não sobrar pra mais nada além do pão. 

Resisto em cada aula

Cada aula de história é resistência. Todo dia, o dia todo, estou em resistência. Em cada título um ponto de vista crítico.  Há mais de 10 anos estou resistência.  8, 10, 12, 14 vezes por dia. 45 a 50 minutos de resistência, várias vezes por dia. Em cada conexão entre passado e presente uma dose de descolonização. Todo dia, em cada capítulo de livro e apostila, é  chibata, sangue, suor e exploração, conspiração, manipulação, guerra e mais guerra. Pode até soar marxista. Mas quero ver quem prove que não. Que enxergar e se incomodar com a miséria e injustiça, é ser realista, e não comunista. Pode até chamar de cristão. Resistência é minha profissão. Resistência é meu ganha pão. Resistência é minha religião. Resisto e resistirei Por meus filhos Minha família Meus irmãos. Pelos alunos, por suas mães e pelos filhos que ainda terão. Pelos que já morreram e pelos que morrerão. Pelos que já lutaram. E pelos que lutarão. #resisto 

Retrato do ladrão

Qual é o retrato do ladrão Que rouba tudo todo dia Dessa gente e desse chão? Qual é o retrato do ladrão? É o moleque de boné Fechado com capuz Um tênis florescente A calça baixa na cintura Um 38 e 7 balas Dentro um corpo quase sempre sem dinheiro e pele escura. Qual é retrato do ladrão? É o moleque com boné Calça baixa Pele preta e com gingado no andar Que fala abusado Bota o queixo pra cima E o dedo pra baixo Em posição de atirador Mete o loko e te encara Manda gíria e esculacha. Qual é o retrato do ladrão? Boné com tênis colorido Corretinha ostentação Faz pose no instagram Curte moto e carrão Whisy e gelo no copão E tudo mais, tudo que há que pode deixa doidão. Qual é o retrato do ladrão? Os meninos quase todos Pretos, pardos, periféricos Tem boné e bermudão Curte funk ostentação. Só que tem menino bão Confundidos com ladrão Pretos, pardos, periféricos Que não roubam e nem matam ninguém não. Ma