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O Negócio É O Ócio

No marasmo da inutilidade de mim mesmo Penso talvez que pudesse por vez Inventar, produzir, fazer e refazer Algo que fosse, assim de minha posse Que pudesse, quem sabe, servisse Para algo, tão simples que fosse. Tipo o talco pra frieira Um terço pra uma freira Ou barraca numa feira. Mas logo, muito em breve, bem sutil como neve, Uma preguiça me consome, uma moleza de moléstia Me abate como um touro no corredor do matadouro. Mas de repente, não mais que num repente Me volto pra mim mesmo, em um surto de momento Banhado em arrependimento, me açoito, me condeno Vagabundo, imprestável, cão sarnento. Penso, repenso, dispenso, compenso Do tempo perdido na preguiça Feito inseto, parasita, carrapicho Urubu sedento na carniça. Então me faço forte como poste em rua escura Penso que em mim mesmo erguerei uma estrutura De muita honra, altivez e bravura. Trabalhar, conquistar uma postura De gente decente com altura De chegar, poder f

A ÉTICA CRISTÃ E A MANUTENÇÃO DA DESIGUALDADE

Dentro das estruturas básicas que compõem as sociedades existem aquelas que são mais determinantes. São essas estruturas: economia – política – cultura – religião. Em uma definição simplificada, a economia determina todas as condições de sobrevivência material de um grupo. A política organiza tal grupo em suas relações e administração. A cultura determina os hábitos e a maneira de enxergar o mundo. A religião estabelece os dogmas, a ética e a moral que servirão como base para a sustentação das relações sociais estabelecidas. Na idade média, marcada pela expansão e fortalecimento da Igreja Católica Apostólica Romana, estabeleceram-se determinadas verdades e dogmas, assim como padrões de ética e moral. Inspirados no discurso cristão em que bens materiais e riquezas não levam a salvação nem ao paraíso, a igreja conduziu seus ensinamentos para fazer com que o povo se conformasse com sua condição de pobreza. Instituiu o trabalho como castigo aos pecadores, segundo a tradição

A Classe Média e a Manutenção da Desigualdade

A classe média brasileira é, atualmente, a mais numerosa entre as classes sociais existentes hoje. Nossa divisão social atualmente é representada pela seguinte tabela: Fonte: http://controle-financeiro.blogspot.com.br/2008/01/diviso-de-classes-sociais-no-brasil.html De acordo com o site R7 “Mais de 29 milhões de pessoas entraram para a classe C entre 2003 e 2009. Com isso, a chamada classe média passou a ser composta por 94,9 milhões de pessoas, representando 50,5% da população brasileira, segundo estudo da FGV (Fundação Getulio Vargas)”. (fonte: http://noticias.r7.com/economia/noticias/classe-media-do-brasil-ja-representa-mais-da-metade-da-populacao-20100910.html )              Tal classe média tem importantes representações. Economicamente representa a classe mais consumidora. O principal público do consumismo de massa. É a mola propulsora do capitalismo industrial, dos meios de comunicação em massa e de entretenimento. Politicamente, a classe média representa o que te

Sou o que sou pela soma do que já fui.

                                                             Salvador Dali Oh que saudades tenho, daquilo que sentia tão intensamente sem saber mesmo que tudo aquilo não passava de ilusão. Mas oh doce ilusão. Que saudades tenho de ti. Ilusão de ser verdadeiramente amado por aquela que nem mesmo sabia o que era o amor.    Saudades tenho de minhas dúvidas sobre Deus. Se ele existia ou não. Se minhas orações em momentos de profunda angústia, por não ter o rosto de uma paixão nas palmas de minhas mãos, eram realmente ouvidas por algo ou alguém. Como me sentia abandonado por Deus, pelos anjos, pelo espírito, santo ou não.         Quanta ilusão assombrava meus sonhos. Disso não tenho saudades. Sonhar em ser notado, admirado por pessoas que nem mesmo conheço. Enquanto isso, aqueles que me percebiam eu não os percebia. Aqueles que me amavam eu não percebia. Aqueles que me admiravam eu não compreendia. Que sonho ruim, quase pesadelo, sonhar em ser quem não se pode ser.

Chamas da vaidade

por Alan Geraldo Myleo Cuidado bela donzela. Um passo atrás belo rapaz. O que chamas de beleza Não passa de ilusão Contaminada visão Equivocada certeza. Aquilo que é belo Em traços de uma face Em curvas de um corpo São só chamas da vaidade Queimando sua vida Se acabando com a idade Em nostalgia e desgosto Consumindo a felicidade. A beleza de verdade Não se perde na idade É algo imortal. Invisível, imaterial. Belo mesmo é o caráter A habilidade de ser bom A honestidade como um dom A personalidade e humildade.   O amor verdadeiro é uma dádiva Que une vidas em uma só Supera defeitos, doenças e dor. O amor equivocado Disfarçado de paixão Fantasiado pela estética É armadilha a espera Dos tolos e cegos A queimarem-se e afogarem-se Nas chamas da vaidade Nos mares da ilusão.   

Sou só o que me sobrou ser - Por Beatriz Brito

São Paulo, SP, Brasil – 1º de Abril de 2013, por Beatriz Brito Quebrando os galhos secos de uma primavera passada com meus pés descalços, observo o céu acinzentado e sinto minha alma escurecer junto com ele. Sem sol, sem nuvens, sem, mais tarde, lua ou estrelas, me condeno, me escondo, me isolo. Cubro meu rosto de vergonhas implícitas em meus atuais atos. O que sobrou de mim agora? Sou só o que me sobrou ser.  

Entre Paredes - Por Victor Murad Barroso

Ver as estrelas, rasgar as velas e quebrar os remos, calar a fera da nova era, falar que não foi mera a coincidência, de que estamos fundo demais pra captar alguma freqüência, reconquistar o brilho dos olhos, comer o fruto proibido, dançar na noite, perdido, com você, ou apenas comigo, que me faça asas pra poder voar, que me dê mãos pra poder tocar, que me faça olhos pra lhe enxergar... Falta um toque mágico que não vem da varinha de condão, vem dos belos abraços e sorrisos que se faz presente até mesmo na solidão. Dar as mãos, sentar na grama, pois a lua cheia me chama e incendeia a chama de meu olhar, saciando as vontades que as vezes vem a tardar, ou nunca dar sequer sinal, mas sei que corri, se me afeta ou não, sorri, pois continuo sempre astral... Mas sempre me canso deste quarto, quero sair, inquieto, não posso desistir, sei que estou perto, certo de que posso insistir, pra no final, mais uma vez sorrir, mesmo ao chão, são ou não. correndo sem direção, mesmo sem pernas,