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Resisto em cada aula

Cada aula de história é resistência. Todo dia, o dia todo, estou em resistência. Em cada título um ponto de vista crítico.  Há mais de 10 anos estou resistência.  8, 10, 12, 14 vezes por dia. 45 a 50 minutos de resistência, várias vezes por dia. Em cada conexão entre passado e presente uma dose de descolonização. Todo dia, em cada capítulo de livro e apostila, é  chibata, sangue, suor e exploração, conspiração, manipulação, guerra e mais guerra. Pode até soar marxista. Mas quero ver quem prove que não. Que enxergar e se incomodar com a miséria e injustiça, é ser realista, e não comunista. Pode até chamar de cristão. Resistência é minha profissão. Resistência é meu ganha pão. Resistência é minha religião. Resisto e resistirei Por meus filhos Minha família Meus irmãos. Pelos alunos, por suas mães e pelos filhos que ainda terão. Pelos que já morreram e pelos que morrerão. Pelos que já lutaram. E pelos que lutarão. #resisto 

Retrato do ladrão

Qual é o retrato do ladrão Que rouba tudo todo dia Dessa gente e desse chão? Qual é o retrato do ladrão? É o moleque de boné Fechado com capuz Um tênis florescente A calça baixa na cintura Um 38 e 7 balas Dentro um corpo quase sempre sem dinheiro e pele escura. Qual é retrato do ladrão? É o moleque com boné Calça baixa Pele preta e com gingado no andar Que fala abusado Bota o queixo pra cima E o dedo pra baixo Em posição de atirador Mete o loko e te encara Manda gíria e esculacha. Qual é o retrato do ladrão? Boné com tênis colorido Corretinha ostentação Faz pose no instagram Curte moto e carrão Whisy e gelo no copão E tudo mais, tudo que há que pode deixa doidão. Qual é o retrato do ladrão? Os meninos quase todos Pretos, pardos, periféricos Tem boné e bermudão Curte funk ostentação. Só que tem menino bão Confundidos com ladrão Pretos, pardos, periféricos Que não roubam e nem matam ninguém não. Ma

Árvore

A fé não é coisa que se brinca Que se briga Que se chinga Que se impõe Que se obriga Da fé Não se desdenha Não se desfaz Não se abusa A fé É algo individual Subjetivo Pessoal A fé Não se explica Não se contesta Nem se justifica A fé Pra uns é uma besteira sem sentido nenhum Pra outros É a única certeza que dá sentido A cada passo dolorido De uma vida sofrida Que não há ciência nem ninguém Que resolva ou que que explica.

O passado e o presente não tem quase nada de diferente

o passado e o presente  tem quase nada de diferente o negro e o índio foi e é  tratado igual bicho porrete, castigo, grade, corrente estupro sexual, moral psicológico e corporal  cotidiano e coletivo e os descendentes dessa gente  que mata e estupra a vontade se fizeram governantes e deram para aqueles outros,  os filhos do estupro e do chicote, a tv, o voto e a crença na liberdade e os donos do chicote se fizeram protetores  defensores do bem e da razão disseram pra toda gente: - confiem na gente, assistam novela e sejam trabalhadores.  e desde lá do tempos do zagaio  esse mesmo povo que sempre acreditou  que negro e índio,  pobre e mestiço,  é tudo bicho hoje faz campanha  dizendo que é trabalhador  e faz até ração de cachorro  dizendo que pobre  não tem escolhe o que comer  o pobre tem é que tomar a bença e agradecer  a bondade de senhor João,  que pede voto pra prefeito dizendo não ser político pois sabe que es

Os moleque mata e morre todo dia

Quem é o moleque que mata e morre todo dia Quem é o ladrão de moto, de tênis, de bolsa De carro, smartphone Quem são o menino home que mata e que morre todo dia por mixaria? São filhos de dona Maria Filhos de seu João Netos da dona Ana Irmãos de Pedro, Gabriel e Isabel Por quê tanto moleque zika matam e morrem todo dia? Não roubam nem matam por fome Nem pra botar dentro de casa o pão Pra isso a mãe trabalha Roubam por ostentação Pra cheirar pó Dar role de motão Metê nas mina E ter uns parça Metê o loko Pagar de patrão. Tudo que dá pra fazer Com dinheiro na mão. Tem gente que já tem desde que nasce Outros mal ganham por arroz e feijão O pai trabalhador é uma vergonha O dono da boca da esquina é o Fodão. Então foda-se a lei Esse país é de ladrão Cada um faz seu corre. Esses moleque não tão nem aí não. Mas eles não aprenderam sozinhos Tem tudo no mundo que forma um ladrão Pai e mãe que não devia ter filho não. Filho criado na base da ostentação. Fazendo o que quer. Na base da birra

Odé

Sou aquele que atira e acerta Que não precisa de outra flecha. Sou aquele enfeitiçado De chá de ervas Encantado pelo mistério Pelo saber da floresta Pelo corpo, sangue e suor Do senhor dono do segredo das folhas. Sou o irmão do Oní Carrego flecha e faca Abro trilhas que um dia serão estradas Caço, mato e não como. Pois primeiro quem come é meu povo Pois fome nunca hão de passar Nem o velho e nem o novo Sou o piado do gavião A revoada de bicho no alto da serra O bote da cobra As unhas da onça Sou a certeza do tiro certo e certeiro Sou a fartura de comida na mesa Sou o caçador que a tudo espreita E quase não sabe esperar Que nunca está satisfeito Sou a curiosidade e a teimosia De quem nunca se sacia De uma sede de saber E de fazer tudo que der Como se o mundo fosse meu querer. Sou pedra viva Otá de cachoeira Sou o sangue que corre na terra A carne que enche a panela E garante que toda gente Essa noite vai ter o que comer. # versosparaosorixás