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Barbárie

Barbárie? Primitivo. Atrasado. Inferior. Primitivo é aquele que se entrega aos instintos É quem segue por lei sua vontade própria A lei do mais forte. Que dizem do selvagem. É quem não sabe oprimir seus vícios humanos. Do lado animal do humano. Pra todo lado todo mundo só faz tentar parecer Que é interessante e atraente Pela estética ou pela grana Está todo mundo tentando ser sexy. E tentar ser sexy é o que mais há no tal mundo animal. É que o fato é que agora a barbárie é virtual. O que tem de gente que não sabe Que essa tal civilidade Lá da Europa importada Imposta e obrigada Pra defender uma verdade Foi é catastrófica, de verdade. Esse povo inventou Que no mundo tinha raça E que Deus, de todas, tinha uma preferida. Povo escolhido e abençoado Povo eleito civilizado. E daí veio guerra Veio sangue Fogueira e chibata. E esse povo não entendeu Que rotular e classificar Dividir e disputar Não é civilidade É o mal

Feliz Ano Novo

Pensei em enviar mensagens pessoais para algumas pessoas importantes. Algumas pessoas que admiro. E parei para contar em meu pensamento quais seriam essas pessoas.  Daí começaram a brotar na minha mente muitas pessoas. Uma, outra, e outra, e mais outra. Muitas. Então me assustei. Não sabia que admirava e considerava tantas pessoas. Família, minha Vida, minha mãe de santo, meu pai, minha secretária do lar, filhos, meu padrinho, madrinha,  alunxs e ex-alunxs, irmãos de santo, artistas... se fosse listar seriam muitos nomes de pessoas que admiro, gosto, tenho como parte de mim, de alguma forma. Como eu queria mandar uma mensagem especial, com versos únicos pra cada uma dessas pessoas. Ainda me ocorreram muitas pessoas que não tenho contato, que não vejo mais, que nunca mais verei... e pensei, como eu queria mandar uma mensagem agora para essas pessoas que moram na minha memória. Algumas palavras pra cada uma dessas pessoas. Poucas palavras. Mas tudo que tenho. O que de mais valioso ten

O nosso Candomblé

Consciência Negra vem da arte, música, culinária, moda, adereços, cabelo, jinga, ritmo. Vem da língua e dos sotaques. Dos verbos e substantivos. De Angola, congo, benguela, monjolo. Vem do Iorubá e do banto. De Oyó, Ketu, Ilê Ifé. Consciência Negra vem do Candomblé. Do nosso candomblé. Que reúne tudo isso e mais um pouco.   No nosso candomblé tem moda. Panos, cores, laços e bordados. Uma verdadeira exposição de moda e design em que as belíssimas mulheres não precisam se valer de padrões, de corpo, de cor ou cabelo, mas apenas de sua natural feminilidade composta pela arte dos panos em seu corpo. No nosso candomblé tem culinária. Amalá, Acarajé, Acaçá. Dendê, deburú, axoxô. Omolocum, Eboyá e aruá. Tem comida pra dar pro povo, pro corpo e pro ancestral. É comida de santo sagrada, agradecida e rezada. No nosso candomblé tem artistas. Tem músicos, ritmistas, percussionistas com tamanha maestria que conseguem fazer você deixar de ser você só com o baque do atabaqu

a palavra

Palavras – Alan Geraldo E você o que tem feito com suas palavras? Ou melhor, o que tem feito com as palavras que lhe dão?   Nada é mais importante em nosso processo evolutivo do que a palavra A fala. O verbo. A linguagem A linguagem falada com sons Gestos e expressões Faciais e corporais. Que evoluiu então para a linguagem escrita Prosa, poesia, narrativa Da linguagem nasceram cantos Cantigas e cânticos Com a palavra o homem descobriu Deus O verbo divino Amém, axé, aleluia O verbo da magia Abracadabra. E Deus fez o homem também pela palavra A palavra que canta, encanta A palavra que faz lei e faz desordem A palavra que ofende, destrói e corrompe A palavra que eleva, inspira e constrói A palavra que conquista o amor de toda vida Que educa filho, consola idoso. A palavra realiza a conexão das cabeças A palavra diz o se passa no coração A palavra arrepia, acelera e contagia Ódio e amor Depende de quem diz pra quem e

Minha redação - ENEM 2016

A intolerância é uma mazela social proveniente da não aceitação do outro. Do diferente. A intolerância é diretamente proporcional à ignorância. Ela é sustentada por conceitos equivocados, calúnias, má interpretação de significados e de doutrinas religiosas. Mas diria que a intolerância religiosa tem um forte aliado. Uma mídia intolerante. Relembro aqui a tão popular Raquel Sheranazi que lançou: Adote um bandido. https://www.youtube.com/watch?v=p_F9NwIx66Y  Logo no mesmo ano, uma mulher foi linchada até a morte por um boato que a acusava de sequestrar uma criança para rituais de feitiços e macumba.   http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2014/05/mulher-morta-apos-boato-em-rede-social-e-enterrada-nao-vou-aguentar.html  O grande crime deste drama todo, e de outros decorrentes desse incentivo à violência, foi da jornalista. Ela foi a criminosa, junto com os que violentaram e assassinaram. O sangue desta mulher, e de outras vítimas, de ambas as classes sociais, está também

Amo e amei

Se um dia pudesse ser alguém que amo ou amei Pra ter ideia do quanto eu seria amado Se fosse eu a pessoa que amo ou amei. Se eu pudesse ser alguém que amo ou amei para ter ideia do quanto já gastei pensamentos e batimentos. Suspiros, risadas e sofrimentos. Quanta dor e alegria sinto e senti cada vez que amei algo ou alguém. Amo e amei muitas pessoas. De diferentes maneiras, em diferentes medidas, com diferentes mutualidades. E continuarei amando. E nos meus momentos de solidão é quando mais amo. E solidão daquela que vem de dentro é a que mais incomoda. Ela vem não importa onde, nem quando ou com quem. Ela vem. Cercada de gente e barulho, mesmo assim ela vem. E eis que a vida, de repente se resume em suportar solidões. Expectativas abstratas de necessidades futuras que ainda não existem. Amo e amei tudo que fiz, mas nem tudo que errei. Erros não são para ser amados. O resto eu amo e amei. Gente, planta, bicho, mato. Um dia me disseram sete estr

O que faz meu existir?

Não há lugar mais solitário do que as multidões urbanas de nosso tempo. A rotina do trabalho na babilônia paulistana aglomera melancolias e sofrimentos. Frustrações e vícios. Aglomera rostos e olhares que denunciam sofrimentos acumulados. A textura da pele e as olheiras acentuadas expressam o nível social e os possíveis ofícios de cada um. A estudante de pele macia e maquiagem moderada. Domestica de idade avançada e mãos grosseiras. O enfermeiro vertido de branco com a expressão de noite acordada. O vendedor ambulante com a sacola escondida, atento aos guardas que não guardam quase nada além das ordens dadas por quem manda e desmanda. Cada uma das pessoas fazendo aquilo que lhe resta dentro dessa máquina que chamam se sociedade capitalista. Fazendo o que lhe é mais necessário, e talvez mais digno. Aquilo que lhe escraviza, e talvez liberta: trabalho. Pessoas sendo consumidas para sobreviver ou para enriquecer. Pessoas se consumindo escravizadas por sua pobreza ou por sua ava