Consciência Negra vem da arte, música, culinária, moda, adereços, cabelo, jinga, ritmo. Vem da língua e dos sotaques. Dos verbos e substantivos. De Angola, congo, benguela, monjolo. Vem do Iorubá e do banto. De Oyó, Ketu, Ilê Ifé. Consciência Negra vem do Candomblé. Do nosso candomblé. Que reúne tudo isso e mais um pouco.
No nosso candomblé tem culinária. Amalá, Acarajé, Acaçá. Dendê, deburú, axoxô. Omolocum, Eboyá e aruá. Tem comida pra dar pro povo, pro corpo e pro ancestral. É comida de santo sagrada, agradecida e rezada.
No nosso candomblé tem artistas. Tem músicos, ritmistas, percussionistas com tamanha maestria que conseguem fazer você deixar de ser você só com o baque do atabaque, do Run, Rumpí e Lê. Tem bailarinos e bailarinas que dançam passos e coreografias, com uma jinga e malemolência que apenas lá, no nosso Candomblé é que vemos. Tem artesãos e estilistas que produzem roupas, laços, adês, capacetes, colares e adereços dos mais variados tipos.
No nosso candomblé tem inclusão. Tem gay, lésbicas, heteros, bis, trans. Tem bandido e tem polícia. Professor e analfabeto. Estudante, vagabundo, maconheiro, caloteiro. Costureira, operário e faxineira. Tem surdo, manco, autista. Tem pobre, e quase não tem rico. Tem branco, preto, mestiço. Velho, jovem e criança. Casado e solteiro. Avó, tia e primo. Tem gente de todo jeito convivendo, compartilhando, cantando e dançando. Pedindo benção e abençoando. Gente que cuida dos filhos dos outros como se fossem seus.
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