Sou a favor da pena de morte. Mas só depois da garantia plena
da vida.
Sou a favor da pena de morte, mas só depois que nós
aprendermos a ser honestos, a não furar fila, a não trapacear, a não competir o
tempo todo, a não julgar o próximo pela cor, gênero ou classe social.
Sou a favor da implantação da pena de morte, mas só depois
que nossa mídia parar de ensinar as pessoas a ostentar. Mas só depois que nossa
mídia parar de incentivar as pessoas a competirem por dinheiro e fama.
Sou a favor da pena de morte, mas só depois que nós abolirmos
a corrupção de nossa sociedade.
Sou a favor da pena de morte, mas só depois que os pais e
mães passarem a cuidar de seus filhos com plena responsabilidade.
Sou a favor da pena de morte, mas só depois que as pessoas
pobres forem tratadas com dignidade. Só depois que os hospitais estiverem
prontos para atender humanamente qualquer pessoa. Só depois que as escolas
conseguirem realmente educar as pessoas para viver com outras pessoas.
Sou a favor da pena de morte, mas só depois que o país, os
políticos, os líderes, os pais de família, os professores e todos os
responsáveis pelas nossas crianças conseguirem garantir dignidade e proteção a
elas.
Sou a favor da pena de morte, mas só depois que negros e
brancos tiverem exatamente os mesmos direitos, os mesmos recursos, o mesmo
acesso ao emprego, à educação.
Sou a favor da pena de morte, mas só depois que a sociedade
parar de criar pessoas violentas.
Sou a favor da pena de morte, mas só depois que as igrejas
pararem de pregar o ódio em nome de Jesus. Até lá, sou contra.
Se talvez perguntássemos pra Jesus se ele é a favor ou
contra a pena de morte? O que ele responderia? Apenas pense. Como Jesus
trataria um assassino, ou um estuprador? Jesus daria uma segunda chance?
Se possivelmente Jesus dissesse perdoaria o assassino,
poderíamos ainda perguntar: e onde está a segunda chance da vítima? O que Jesus
responderia? Suponho que ele responderia com outra pergunta:
Matar o assassino daria uma segunda chance à sua vítima? Aliviaria
o coração dos pais, ou dos filhos, de uma vítima? Ou seria apenas mais um
assassinato? Matar assassinos, diminuiria a existência da violência na
sociedade?
Ou melhor? Pessoas más nascem más? Se tornam más? E porque
se tornam más? Influências da família? ou a falta de uma família? Influências
das ruas? Influências da cultura consumista? Distúrbios mentais? Vícios?A
maldade e a violência das pessoas é algo que Deus determina? Que a própria
sociedade cria? É a manifestação de nosso lado animal?
O fato é que estamos cercados por manifestações de violência.
Em baixo de nossos narizes. O tempo todo, em pequenos gestos e atitudes
cotidianas. E enquanto formos uma sociedade que tem a violência como um hábito
presente nos filmes, no vídeo-game, na escola, nas ruas, em casa. Enquanto as
pessoas comprarem e consumirem violência, tornando as pessoas violentas.
Enquanto as mídias e a sociedade continuar violentando os pobres, as mulheres,
os negros, os homoafetivos, os índios, os imigrantes, as pessoas diferentes, eu
serei contra a pena de morte.
Se não podemos garantir a vida dos inocentes, como podemos
determinar a morte de alguém que pode apenas ter sido mais uma vítima de uma
sociedade que gera a violência, e que torna as pessoas violentas.
Não poderíamos pensar talvez, que pessoas violentas, na
maioria dos casos, não são também vítimas de sua própria violência? Assim como
da sociedade violenta?
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