E lá vão lágrimas ao vento.
Há sensações indescritíveis em certas passagens da vida. Sensações
que só o tempo nos impõe.
Sensação de tempo vivido. Geração transpassada pelo relógio.
Lá se vai a juventude do cachorro, cego, surdo e sem dentes. Do cavalo que de
tão velho nem mais consegue trotar.
Do mato de espinho invadindo um pomar que quase não dá.
A casa cheia de pó. Um fogão de lenha que uma floresta
inteira já transformou em brasas. Ele agora
é frio, sem cheiro, sem fogo sem nada.
Até aquela árvore de copa sombrosa agora é pau podre sem
vida, sem folha nem sombra.
A vovozinha, passo por passo, na lentidão de um corpo ultrapassando
quase uma dezena de décadas. Tempo resumido uma vida humildade das gentes da roça,
de vida simples e pacata.
E lá se vão lágrimas de saudade. Lá se vão voltas de relógio
e de estação. Lá se vai a juventude das coisas. Lá se vão esvaindo os vestígios
de memórias e sensações.
Lá se vai o tempo.
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