O racismo no Brasil tem raízes tão profundas e rígidas como os regimentos de estamento e servidão tinham da Europa moderna e medieval. Como o sistema de castas da Índia ou o xogunato Japonês.
Porém, o status social posto, essa condição "negra" como condição de excluído e inferiorizado, não se sustentou apenas pela hereditariedade, origem étnica/nacional, como em outras sociedades. Aqui o critério mais relevante para o nível de exclusão é o tom da pele, seguido por textura de cabelo e lábios. Há aproximadamente 5 gerações que no Brasil não existe a escravidão legal. Portanto a muito pouco tempo nos resumíamos em uma sociedade divida basicamente em portugueses, brancos, senhores de terras, ou de outras propriedades, estáveis e
imóveis no topo da “pirâmide” (econômica, política, social e moral). Por sua vez uma população predominantemente “preta”, escrava, na base de uma estrutura tão vertical que nem se pode chamar
de pirâmide.
Essa origem recente de um perfil social e cultural, ao longo dessas gerações, definiram uma lógica de valores e status social baseada na
cor da pele. E quanto mais na base da pirâmide, nas margens das
cidades, nos presídios metropolitanos, nos confins dos sertões abandonados, nos
canaviais e lavouras, nas obras da construção civil, nos mangues litorâneos,
nas margens ribeirinhas... quanto mais formos nas margens sociais e econômicas de
nosso país, mais escura será pele das
pessoas que lá estão. E não me diga que isso é natural, ou uma questão de esforço. Pois, se a questão for esforço, quem construiu toda a riqueza desse país foi o negro. Na sua força dos braços assim como do conhecimento. Da cultura. O negro construiu construiu cada engenho do tempo colonial. Cavou cada buraco e garimpou cada rio que deu ouro em toneladas aos usurpadores. plantou a cana, o café o açúcar, tocou e matou cada boi que alimentou as bocas da elite dominante nesse país. Cada ponte, cada estrada, rodovia, prédios, construções, plantações tem braços negros nesse país. Tem braços brancos. Brancos e pobres. Pretos de tão pobres, como diria Caetano. Então, se a questão é esforço, tem algo muito errado nessa teoria.
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