Tal só no dizer. Pois homem esse, por hombridade é muito
mais do que tal.
João. Filho de outro João que também era Coelho.
Foi na beira do ano 2000. Passagem essa das mais vivas em
memória minha.
Conheci João por finalidade de cavalgada.
Eu, menino novo, nomeado Delonge, não tinha animal de
montaria em ocasião
Mas paixão de montar não faltava em sangue herdado de gente
caipira.
Esse João, homem de tropa,
Me valeu de empréstimo e confiança numa campeada longa
A égua pequena, de idade adiantada e cor rosilha, bem mansa
e andadeira
A eguinha Luluzinha.
Mas logo confiança maior João determinou,
E burro Romário me confiou.
Foi esse dia que de João destino me fez companhia.
Não sei se por meu jeito de coragem
Ou um apresentar tímido de ter com rédea habilidade
Que João me deu o que de mais valia
Se dá pra menino novo querendo crescer.
Confiança e valor na coragem.
Valor de virtude que se fez aliança de ouro em nossa
amizade.
João, valente que nem marruá
Sábio que nem cão caçador de experiência no mato
Foi mestre de rédea, de faca, de corda, de honra e de vida.
Me fez companheiro de outros valente,
em caminhos de trilha e campear de cerrado
Tinirso, Juruna, Leandro e Fafá.
Por vezes tinha até os pequenos.
Artur, Gugu e Joãozinho.
Tio Edson e até Zé Augusto
Sujeito velhaco enforcador de cachorro perdido.
Tive, em rédea na mão e estribo no pé
Tropa danada de boa que nunca mais dei por fé.
Cisco Curisco Baton Roxetô
Sarampo Cachumba e até Catapora
Soraia Delícia Diadema Herói
Delicada Bebeto Hebreu e Relógio
Jidu Ventania Hetrusco Dalila
Setembro Novembro e até Canarinho.
E tantos mais potros e potras de marcha picada e batida.
Em léguas e léguas de cerrado marchei.
E junto com João em memória minha
São vivas como flores em jardim molhado de chuva
As tantas Marias, que como eu fiz me fizeram da própria
família.
Por mim demais estimada
No bem querer de pensamento e oração
É Maria de nome, que por Bibinha responde.
Mulher de fibra e sustância
Deu ciência de saber e viver pra outras tantas Marias.
Outra Maria, raiz do valor de outras Marias, é Augusta.
Matriarca de grande nobreza com singelos modos,
É de fato e adjetivo verdadeira augusta. Maria.
Maria Jandira e Maria dos Anjos se puseram no mundo em tempo
comum.
Uma, de gênio ardente, uma certeza no espírito mais firme
que rocha no chão.
Sem medo de nada, com olhar sempre pra frente.
A outra é na terra, de verdade mesmo como no nome, um anjo.
De singular doçura, honorável paciência e comedida bravura.
De Maria Elizabete guardo em lembrança marcada
As gentilezas, acolhedores sorrisos e tratamento pra além de
merecido por tão novo menino.
Maria do Carmo irradia a memória de maneira especial.
Não por mais nem por menos. Mas também não em igual.
Miro em mente lembrante formosura morena
Um jeito só seu de falar, de ser e tratar
Que pra mim, de antes até hoje, é modelo de pessoa ideal.
E há ainda outras Marias.
Marias filhas e netas das Marias.
Das Marias que de nome não são
Havia Alessandra. Moça virtuosa, de excesso em sabedoria.
Maísa, não trouxe na pele herança de cor, mas no espírito e
formosura também é Maria.
Patrícia traz no rosto sorriso de grandeza e olhar miúdo. O
caráter faz parelha com sorriso em grandeza medida.
Mariana, assim pois também Maria
Por muito que tinha e tem de mim grande admiração
Pela cabeça adiantada da idade que carregava na época de
ocasião.
Tinha a menina coragem de adulto
E a graça era de flor miúda do cerrado de Minas.
Não há letras nem palavras de cabimento em papel
Que diria o que cabe a essa outra Maria, a Cecília.
Uma ventania de suspiros soprados
Saíram de peito pra fora por causa dessa Maria.
Foi, das passagens vividas, por demais sofrida.
Sofrer daqueles que torna menino homem
Maior e mais forte no saber de sentimento.
Carinho infinito da memória não falha e do coração na escapa
Das Marias tão jovens, meninas, tão lindas Marias. Olívia e
Alice.
Olívia, delicada e curiosa, nem aparenta ser do sangue o
mesmo
De Alice, enfezada e geniosa, mas não menos formosa.
Tão Clara quanto o nome é a imagem na minha memória
Dessa estrelinha, brilhante Maria.
Essa, conheci ainda no ventre de outra Maria, no alto do
morro do vento.
Quando a luz da vida clareou Maria Clara
Oportunidade de ver e conviver com tão doce bebê
Foi-me dado por Deus ou Destino, não importa qual crer.
Olhava-me tão fundo que até intrigava
Olhos pretos por dentro de cílios compridos e formato de
amêndoa
Com um brilho latente, de gente astuta e inteligente que o
futuro aguardava.
Essa minha memória vivida no tempo
Agora escrita em palavra rimada é tempo passado.
Passado de relógio, calendário e estação.
Mas passagem vivida com gente querida
É mais que lembrança de imagem e ocasião.
Lembrança de afeto se agarra na mente
Em sentimento presente que nem querendo desmancha.
Bem querer de amizade, afeto e respeito
É duro, forte que nem aço
Que dura e perdura em tempo e espaço
Faz-se da vida corrida de labuta e percalço
Um valer de viver tendo história verdadeira
Com gente de estima, como é João. Como as Marias e tudo que
é Coelho.
Que de sempre em sempre, se farão por mim lembrados.
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