Lá estava a menina mutilada por suas ilusões, sonhos massacrados
pelo príncipe encantado, em uma dança incessante de giros, mão se movendo, pés
que não param. Lá estava o menino agoniado pela realidade intensa, era movido
pelo “preciso ir pra casa” que enchia sempre sua mente quando procurava a cura
de suas feridas. Ali era sua casa. A paz, a loucura, o álcool, as luzes, a
música, o cigarro, as drogas. Dançando, girando, gritando. Eles ficaram unidos
pelo “lar”.
E logo ali ao lado tinha um quarto, o santuário sagrado de uma
cidade perfeita, e lá houve a comunhão de feridas, de lágrimas, toques, gritos
e prazer.
Até que o sol atingiu sua pele, ela acordou do seu sonho perfeito,
o cheiro de perfume, cigarro e bebida ela inalou de suas próprias roupas e cabelo;
o ato sagrado estava marcado, de uma forma assustadora, fria e linda. Ela
fugiu.
Algo o queimava tão intensamente que o forçou a sair de seus
pensamentos inconscientes, eram os raios solares que saiam da janela. Com suas
roupas jogadas junto estava seu relógio;, era uma segunda feira. Meu Deus! Ele
tinha que ir. O choque da realidade o atingiu, a cama estava vazia, e a única
marca dela era a lembrança e os chupões em seu pescoço. Ele nunca mais veria a
perfeição que não tinha nome, não o fato de uma beleza, mas a essência em si.
Inconformado, voltou a dormir.
Correndo, ela não imaginava que se arrependeria daquele ato
precipitado. Pois estava feito, a princesa deixou de ser princesa pela traição.
Mas mau ela sabia que o príncipe não passava de um plebeu e o plebeu da noite
era nada mais nada menos que o príncipe.
E a marca já tinha sido deixada, não pelos cheiros, chupões e
lembranças. Mas pelo óvulo fecundado em seu útero.
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