“Getúlio
Vargas” é um nome que, muito provavelmente, nunca será esquecido na história do
Brasil. Ao longo de sua trajetória há alguns anos atrás, o “pai dos pobres” (e
dos ricos também) consolidou medidas realmente revolucionárias e que estão
presentes até hoje em nosso cotidiano. As heranças da Era Vargas são
incontáveis, mas existem algumas delas que merecem destaque. Utilizemos como
exemplo a famosa política populista. O populismo nada mais é do que governar,
ou seja, tomar medidas no seu governo, que sejam favoráveis, benéficas e
agradem tanto à classe pobre quanto à elite. Fica claro que essa política é
expressivamente presente no contexto atual. Prefeitos, governadores e
presidentes montam seus discursos e suas propagandas políticas cuidadosamente,
utilizando textos que prometam melhorar a situação do trabalhador e dos
miseráveis, mas que não pareçam ameaçadoras demais para a elite (Lula e Dilma tomavam
e tomam, respectivamente, providências desse tipo). Outro ponto que não pode
ser esquecido é a criação da CLT. Apesar de percebermos que a CLT foi uma
medida política estratégica para, dentre outras coisas, evitar o crescimento
das tendências comunistas e controlar a classe operária, ela trouxe sim muitos
benefícios para a classe trabalhadora. Imagine viver em uma sociedade em que os
patrões não são submetidos a nenhum tipo de legislação que forneça direitos aos
trabalhadores? Se com a CLT ainda existem explorações, imagine sem. Não há
dúvidas de que a Consolidação das Leis do Trabalho, fortemente inspirada nas ideias
fascistas de Benito Mussolini, foi e ainda é uma das maiores conquistas do
Brasil. A área da educação também não fica para trás. Foi na Era Vargas que a
educação foi estendida, mesmo que com limites, para a classe pobre. Apesar de
apresentar enormes precariedades atualmente, essa medida, que foi tomada com o
intuito de colaborar na industrialização do Brasil (muitas vezes com a
preferência ao ensino técnico voltado para a produção), é uma herança da Era
Vargas extremamente marcante.
É
possível afirmarmos que, com todas as contradições que envolvem os 15 anos em que
Vargas se mantém no poder, onde ditadura, censura e perseguição política
compartilharam o cenário nacional com desenvolvimento industrial, medidas
econômicas protecionistas e nacionalistas, crescimento e qualificação da classe
trabalhadora urbana e valorização da cultura popular, os rumos que tomaram o
segundo governo Vargas foram comprometidos por uma complexa rede de jogos de
interesse, que envolveram quase todos os segmentos sociais.
No
Segundo Governo de Vargas, a política partidária, e suas complexas
contradições, pode ser percebida de forma evidente. Após o governo Dutra,
extremamente voltado à abertura econômica ao investimento externo, Vargas
conseguiu o apoio de praticamente todos os segmentos sociais, exceto a elite
conservadora liberal, para a sua reeleição. Imagine só, até os comunistas
apoiaram-no (além do PTB, PSB), afinal de contas, era melhor ter um presidente
fascista, anticomunista e controlador a viver num país sob o domínio do
imperialismo voraz dos EUA. Porém a impossibilidade de atender aos interesses
de ambas as partes provocou então uma grave crise política em seu governo.
O
país não tinha capital de investimento para o projeto nacionalista proposto e
defendido desde o início. Sem capital de investimento os planos de metas para o
segundo governo não tinham possibilidade de serem cumpridos. Isso pressionou a
uma abertura, mesmo que parcial, ao capital estrangeiro. E era tudo que os
comunistas não queriam, levando então à uma forte oposição dessa base de apoio.
Presença
de capital estrangeiro gera, automaticamente, dívidas. Dívida, por sua vez,
gera inflação. Inflação envolve diretamente a queda no poder de consumo dos
trabalhadores e cidadãos. Inflação sem aumento salarial agrava ainda mais a
situação. Assim temos uma cadeia de conseqüências que são determinantes para a
crise do segundo governo Vargas. A greve dos 300 Mil, em São Paulo representou
tal crise perante a classe trabalhadora.
Aproveitando
tal crise, a UDN, partido de extrema direita, golpista, controladora da
imprensa nacional, atua com enorme afinco na desestabilização do governo junto
à elite militar que se posicionou com o Manifesto dos Coronéis, em que 81
coronéis assinaram um documento demonstrando a insatisfação com o governo. A UDN,
comandando a imprensa nacional com Carlos Lacerda à frente, fazia com que a
maior parte da população criasse uma imagem tenebrosa de Vargas. Acusava-o de
desvios públicos, corrupção (um dos episódios, por exemplo, foi dizer que
Vargas utilizava do prestígio de seu nome para pegar empréstimos no banco e
financiar campanhas a seu favor). As mídias, como sempre, radicalizaram a
situação. Pressionavam Getúlio de uma forma intensa e sensacionalista em busca
de audiência. O resultado foi uma morte solitária com um tiro no peito e uma
carta que se tornou uma dos mais simbólicos documentos históricos da política
brasileira.
É
fato que a Era Vargas deixou marcas que até hoje estão presentes na nossa sociedade,
como dito anteriormente. E uma dessas marcas
foi o populismo. Políticos atuais que baseiam suas campanhas e suas
ações no populismo, e, tomam freqüentemente medidas que são, à primeira vista,
benéficas para os pobres em busca de progresso social. Mas, se analisarmos
cuidadosamente perceberemos que nada mais são do que uma forma de articulação
entre medidas políticas, maquiadas por propagandas e campanhas publicitárias,
que cumprem um papel de controlar essa classe e privilegiando os interesses
partidários que controlam e determinam nossa estrutura política, e
conseqüentemente, os rumos (ou desvios) econômicos e sociais, afinal, quem está
de “barriga cheia” não reclama.
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