O que é o fim do mundo? A morte de tudo? A morte do homem? A
morte da vida? A morte de mim?
Por que temer aquilo que acabará com o sofrimento? Ou melhor,
será mesmo que a morte é o fim do sofrimento? Ou o fim em si mesma? Uma criança
teme a morte por que não a conhece? Ou porque sabe que não mais terá os
prazeres da infância? Será apenas, talvez, a manifestação de um instinto
biológico de sobrevivência?
Haverá o fim do mundo? Ou isso é apenas uma metáfora que
representa cada mundo que construímos e destruímos ao longo da vida? Quanto
tempo resta à nossa espécie? Alguns dias, como prevê as interpretações do
calendário Maia? Algumas gerações como preveem os ambientalistas? Ou longos
séculos como imaginam os ficcionistas?
O medo da morte é o medo do sofrimento? Da perda dos entes
queridos? Da perda dos bens materiais? Da perda das coisas que causam conforto
e prazeres mundanos? Do abandono daqueles que dependem de nós? Da possibilidade
de não haver permanência da alma? Do implacável destino cristão em que alguém
decidirá seu destino, no céu ou no inferno, após a estadia no purgatório? Ou
será o medo de, um vez desencarnado, ter que se reencarnar e passar por todo o
sofrimento psicológico, físico e sentimental comum a maioria dos seres humanos
em seu processo de crescimento e amadurecimento? Seria talvez a consciência de
que não evoluímos o suficiente nessa vida, e por isso teremos que retornar em
forma de algum animal menos racional que nossa espécie?
É nossa energia finita como nossa matéria? Somos realmente
presos aos nossos instintos materiais a ponto de recusarmos a possibilidade de
abstermos de tudo que nos traz conforto? É, nossa vaidade, capaz de cegar-nos
com tanta veemência a ponto de esquecermos quem realmente somos? Ou pior, nunca
enxergar quem as pessoas realmente são? Estamos realmente condenados pela
sociedade de consumo hedonista?
Quem sabe estamos passando por um processo de adaptação em
que atingiremos uma nova fase mais saudável e pacífica? São os dias de hoje
piores do que ontem? São os dias de hoje mais violentos que outrora? São os
jovens de hoje mais desvirtuosos que os do passado?
Qual será nosso futuro?
A morte... ela está dentro de nós, tudo que esperamos é um último suspiro, pode ser agora, daqui a pouco, daqui alguns anos... medo da morte? Não, medo do escuro, do desconhecido, como será o fim do mundo? Será que não vivemos isso agora? Nossa humanidade sendo perdida, corrompida pela sociedade, nosso futuro já está lançado, podemos ver morte, sofrimento e angústia, deveríamos nos unir pelo menos uma vez, para pelo menos fazer um dia de nossas vidas inertes valer a pena, pelo menos uma vez; ou tudo isso realmente tudo isso terminara de forma grotesca? Tudo que nos resta é o sangue...
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