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Profissão professor: impotência ou incompetência?






A sala dos professores nas escolas públicas do Brasil são cenários para lamentações, reclamações, injúrias, lamentos e todo tipo de expressões de insatisfação que existem. Um pessimismo assombra as expectativas dos profissionais de ensino. Muitos são os fatores que levam a isso. Alguns justos e pertinentes como a impunidade para os malfeitores e sem respeito; a desvalorização financeira e moral do professor; as condições precárias das escolas, que é realidade em muitos locais; gestores sem formação e habilidades adequadas para o cargo; dentre outros.

Porém uma boa parte dos alvos de tanta insatisfação é questionável. Será que os professores que tanto reclamam param para rever sua própria prática? Será que eles exercitam seu bom senso para perceber as mudanças sociais e as transformações da mentalidade cultural à sua volta? Será que eles respeitam os alunos como exigem que sejam respeitados? Será que, quando esses professores tomam alguma atitude e se posicionam perante determinadas situações, eles se lembram que já foram adolescentes? Ou pensam se gostariam de ser tratados como tratam esses adolescentes? É comum ver professores que se orgulham em maltratar, desfazer e até ofender alunos.

Muitos dizem que "antigamente" a educação era melhor. Mas melhor em que sentido?

Antigamente os alunos que não tinham condições de ter um caderno, um lápis e um tênis não iam para a escola. Antigamente alunos com problemas com autoridade e "rebeldes" eram expulsos. Antigamente as salas A eram de brancos pertencentes as classes favorecidas. À medida que as letras iam se sucedendo (B, C, D, E,   F...) os alunos ficavam mais pobres e mais pretos. Antigamente os alunos/problema, que temos aos montes hoje, não iam pra escola. Antigamente, os bons alunos para serem bons alunos, bastavam ficar calados copiando e decorando. Antigamente só frequentava a escola o aluno que tinha pai e mãe, com empregos razoáveis que davam condições de manter filhos na escola. Antigamente os problemas simplesmente não frequentavam a escola.

Obviamente, dar aulas para alunos "bons" é bem mais fácil. Para quem nunca foi excluído, a escola que exclui tem mais qualidade. Para que o trabalho fique mais fácil, não importa se pobres, filhos de pobres, fiquem à parte do sistema e sejam eternamente pobres.

A universalização do ensino no Brasil, um dos maiores e mais importantes projetos de governo já iniciados no Brasil, levou as crianças para a escola. Hoje, quase todos estão na escola. Seja pela merenda (de ótima qualidade), seja pela consciência da importância da escola. Porém muitos dos responsáveis por proporcionar nosso "progresso" humano (professores) não são adequadamente pagos para tal. E outros tantos não estão realmente preparados para tal.

Muitos professores e professoras não acreditam naquilo que fazem. Não acreditam que a educação emancipa o indivíduo. Entram em uma sala de aula certos de que não vão conseguir fazer nenhuma diferença, por menor que seja. Não estão dispostos a se adaptarem às condições que se encontram e buscam na impotência e desesperança a justificativa para suas incompetências, ou pelo menos, má vontade em acreditar naquilo que se propuseram a fazer durante toda sua vida.

Afinal, "é sempre mais fácil achar que a culpa é do outro" e "deixar a vida lhe levar", reclamando bastante, masturbando vaidades... e se arrependendo a cada minuto por não ter escolhido, ou conseguido, outra profissão.

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