Pular para o conteúdo principal

Você é culto?


O que é uma pessoa culta? Você se considera culto?

Você ouve Chico Buarque de Holanda, Vinícius de Morais e Tom Jobim? Vivaldi, Mozart e afins? Freqüenta peças teatrais, apresentações de orquestras sinfônicas, balés...? Lê Machado de Assis, Shakespeare...? Você adora vinho tinto seco, queijo gorgonzola...? Ou seja, você cultiva hábitos e gostos semelhantes a esses e se considera culto, certo? 

ERRADO.

Em uma definição simplista e comum, cultura é o conjunto de manifestações artísticas, sociais, lingüísticas e comportamentais de um povo ou civilização. Ou seja, tudo é cultura. O gosto cultural é a diferença. O gosto cultural é definido e imposto de acordo com o local, com as pessoas, com meio em que se vive. “O homem é, culturalmente, fruto do meio.”

É muito comum ouvir pesadas críticas à regionalismos culturais com teor discriminatório e racista. Daí provém, inclusive, a expressão folclore, tão pedagogicamente usada. Esse termo foi criado exclusivamente com o objetivo de separar a “cultura” branca, elitista, européia da cultura popular brasileira, daquilo que vem do povo pobre, analfabeto, rural, negro, indígena, mestiço. Ou seja, tradições e manifestações como Balé Clássico, música “erudita” e teatro fazem parte das manifestações culturais. Festas populares com autos religiosos, danças populares, músicas tradicionais são folclore.

Nos “censos” oficiais do Brasil consta um determinado índice de acesso à cultura considerado baixo. Porém nas perguntas não consta como espaços culturais as escolas de samba, os salões de forró, os circos populares, as festas populares como as juninas, o carnaval de rua, e outros.

Quando falamos de cultura, não podemos atribuir juízo de valor, gosto pessoal. Como acontece freqüentemente. Essa prática reproduz a mesma lógica de exclusão sócio-econômica que, os ditos cultos, tanto se colocam contrários. Quem dita o que é cultura? A mídia? A elite? O povo? Você?

 Será que ser culto é respeitar as diferenças, se abster de preconceitos, cuidar de sua saúde, se preocupar com seu próximo, com as pessoas à sua volta, ser honesto, ser ético, ter princípios e atitudes coerentes? 



Comentários

  1. Muito bom, mas esperava um texto mais crítico mas vindo de alguém que estudou na PUC de MINAS GERAIS já é um bom começo, e viva todas as culturas toads mesmo viu.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Linhagem do Candomblé Kêto no Brasil

Linhagem do Candomblé Kêto no Brasil – Por Alan Geraldo Myleo As informações que seguem foram retiradas do livro de Pierre Verger – Orixás – Deuses Iorubás na África e no Novo Mundo. A construção dessa linhagem que segue gera, até hoje, muitas divergências pois, além se serem baseadas em versões orais, envolvem uma certa vaidade devido a importância histórica, social, cultural e religiosa que envolvem tais versões. 1º Terreiro de Candomblé Kêto (oficialmente reconhecido) (Primeira metade do séc. XIX) Ilê Axé Iyá Nassô Oká Barroquinha, Salvador – BA 1ª Yalorixá - Iyá Nassô 2ª Yalorixá – Marcelina Obatossí 3ª Yalodê ou Erelun(como era conhecida na sociedade Geledé) Nome de batismo: Maria Júlia Figueiredo Obs: essa é considerada a primeira linhagem da Nação Kêto fundada com o auxílio do Babalawô Bangboxê Obiticô. Segundo algumas versões orais, YáNassô era uma das três princesas vindas do Império de Oyó( junto com Yá Acalá e Yá Adetá) que foram alforriadas por...

Por que evangélicos neopentecostais odeiam tanto as religiões afro?

Concorrência. Tantos os terreiros e centros de umbanda e candomblé quantos as igrejas neopentecostais se concentram nas periferias e favelas. Elas disputam um mesmo público em um mesmo espaço geográfico. Nas favelas e periferias estão as piores e mais frequentes mazelas. Drogas, violência doméstica, violência do tráfico, violência da polícia, falta de hospitais e escolas decentes. Na favela está concentrado o sofrimento geral que a pobreza causa. E tanto pastores e pastoras quanto pais e mães de santo estão atendendo e consolando essa gente sofrida. Cada uma consola a seu modo. Porém é comum as igrejas neopentecostais declararem ódio e intolerância abertamente contra "macumbeiros" como uma estratégia de manipulação e proveito da ignorância alheia. Um evangélico que mora na favela sempre tem um vizinho macumbeiro. O discurso do medo, do diabo, do feitiço, um pensamento medieval que ainda custa a vida e a honra das pessoas. Um macumbeiro não tem um evangélico como inimigo, a ...

Tem agente que não é gente.

O conceito de agente público, servidor público, é um dos alicerces fundamentais do processo civilizatório que o Brasil quase não tem. Um agente público serve o público, defende o público, o interesse, os direitos, a segurança, os corpos e os lares do público. Público é o conjunto de cidadãos que pagam os impostos, que por sua vez pagam os salários, aposentadorias e todos os recursos para que existam as instituições públicas. Só que o agente precisa ter esse conceito e essa "crença" no papel social do SERVIÇO público. Antes de reparar no pior, vamos reparar no melhor. Se existe escola, hospital, coleta de lixo e outros serviços públicos que funcionam, bem ou mal, é graças aos bons servidores públicos. Se ainda há crianças aprendendo a ler e escrever, hospitais atendendo pessoas é graças aos bons servidores públicos. E a coisa toda, da polícia ao sistema funerário, só não é melhor por causa da quantidade enorme de pessoas despreparadas moralmente, psicologicamente e intelectua...