Pular para o conteúdo principal

A manutenção da ignorância





O Brasil é um dos países mais ricos em recursos naturais do planeta, porém seus recursos humanos não acompanham tal riqueza.

Temos abundância de todos os recursos materiais e naturais ao alto desenvolvimento, como água, minérios, terras agricultáveis, clima favorável, fontes de energia. E então? O que não temos? Um povo que saiba aproveitar isso.

Nosso povo Brasileiro é corrupto por essência, guardadas as excessões de uma pequena parcela. Uma vez que nossos representantes, tem como principal característica a corrupção, tal afirmação é validada, uma vez que os representantes são frutos povo. 


O famoso e cultuado jeitinho brasileiro tem sua mais expressão na habilidade e hábito de burlar leis, quebrar regras, tirar vantagens sobre tudo e todos, não pagar dívidas, trapacear, não cumprir datas e horários, dentre outras coisas. E tudo isso é considerado um aspecto positivo na mentalidade de nosso povo.

Nas escolas do Brasil os alunos e alunas podem ser classificados de acordo com os seguintes níveis de conhecimento:
·       
 Avançado: 2% à 5% - alunos  e alunas com plenas habilidades e competências necessárias à idade e série/ano e potencial intelectual além da média comum.
·       
Satisfatório: 15% à 20% - alunos e alunas com nível necessário e comum à série/ano.
·       
Insatisfatório: 50% à 60% - alunos e alunas abaixo do nível necessário a série ano. Baixo domínio de escrita e leitura, em condições de copistas, apenas.
·      
  Péssimo: 5% à 15% - alunos e alunas com quase ou nenhum domínio de escrita e leitura.

Tal condição intelectual que faz parte da realidade das escolas públicas do país não se deve à condição econômica ou capacidade intelectual de nosso povo. Mas sim, exclusivamente ao fator cultural.

Esse fator, cultural, envolve a relação do aluno com a escola, o acompanhamento dos responsáveis, o respeito em relação à funcionários, professores, à falta noção da importância da formação intelectual, dentre outros.
Nessa perspectiva faremos outra classificação, que diz respeito à relação aluno/escola:
·       
Interessados (realizam as atividades, concentram-se nas explicações, fazem as atividades e trabalhos extra-classe, respeitam a autoridade do professor, etc.) – 5% à 10% dos alunos e alunas.
·        
Relapsos (não praticam nenhum ou quase nenhum do itens citados anteriormente) – 10% à 20% dos alunos e alunas.
·      
  Indiferentes ( “Maria vai com as outras”, ou seja, aqueles que seguem o fluxo ) – 70% à 80% dos alunos e alunas.

Portanto, é fácil concluir que esses que seguem o fluxo, optam pelo fluxo da irresponsabilidade, da bagunça, do desinteresse. E dois fatores se somam para causar essa escolha comum à maioria.

O fator burocrático das políticas públicas educacionais e a sociedade de consumo.

Políticas públicas

O neoliberalismo integrou os índices de desenvolvimento humano aos critérios de apoio, empréstimos e concessões financeiras aos países em desenvolvimento. O país integrado a esse modelo econômico internacional deve, obrigatoriamente, apresentar números ao FMI, à UNESCO e outros órgãos, para que se consiga tais apoios financeiros e também para se esse país conste nos rankings internacionais. Nesse contexto a EDUCAÇÃO entra como um dos principais critérios de análise.

Tais números ligados à educação envolvem notas; freqüência; índice de matricula, de evasão, de conclusão e de reprovação; resultados de desempenho em provas regionais e nacionais (ENEM, SARESP, OLIMPÍADAS DE MATEMÁTICA, etc.), entre outras coisas.

Assim sendo o governo FEDERAL cobra do ESTADUAL. O ESTADUAL cobra da SECRETARIA DA EDUCAÇÃO. A SECRETARIA DA EDUCAÇÃO cobra das DIRETORIAS REGIONAIS DE ENSINO. As DIRETORIAS cobram das UNIDADES ESCOLARES (diretor). O DIRETOR cobra do PROFESSOR. O PROFESSOR cobra dos ALUNOS. E o ALUNOS NÃO FAZEM NADA. Moral da história, o PROFESSOR faz papel de palhaço, agüenta desaforos de alunos e se vira para entregar resultados que não existem. São apenas números, pois, não existem métodos avaliativos eficazes quando os avaliados tem plena certeza de que aquilo é falso. Assim o projeto progressão continuada define as regras em baixo para que os números positivos de alunos da escola, aprovações e conclusões subam pela máquina burocrática educacional.

Sociedade de consumo


A mais direta e aplacável conseqüência da sociedade de consumo sobre a educação é a total banalização da cultura e da intelectualidade. Programas como Pânico da TV, Big Brother Brasil e Malhação direcionam todas as atenções e valores dos jovens à “cultura do deboche”, do preconceito, do erotismo banal, do consumo como significado de felicidade.

Os valores sociais e culturais são invertidos, dentro dessa lógica. Na escola quem estuda e aprender é alvo de repressão, de deboche. E quem vai a escola com o objetivo de não realizar atividades, depredar o ambiente, desrespeitar todas as normas e regras possíveis adquire STATUS perante o grupo.

É assim que os fatores se somam para promover o caos e a calamidade em que se encontra a educação e os valores em relação à escola e ao ensino em nosso país.

E no fim a culpa é do Professor. Que não se prepara. Que está antiquado. Não se atualiza. Que não tem autoridade na sala. Entre outras coisas.


Comentários

  1. Infelizmente estamos vivendo novamente (se é que em algum momento deixou de existir) neste grande "curral eleitoral", onde o voto de cabresto é legalizado, previsto em lei, sempre sob o disfarce da bolsa família, bolsa escola, bolsa... bolsa... que na verdade deveria chamar-se propina, ou esmola mesmo.

    É o bom e velho "cabresto" reeditado por novos coronéis de alcance infinitamente maior agora, longe dos sertões romanceados, cantados em verso e prosa, e ligados diretamente a nossa realidade de analfabetos diplomados, o que cria novas escusas, pois diplomados não podem ser considerados "ignorantes" votando.

    E faz-se a luz onde havia a escuridão da falta de instrução, de educação , pena que seja só um sinal tênue e não uma luz no final do túnel.

    A ignorância assistida é mais segura, e o bom e velho cabresto continuará servindo perfeitamente neste povo pseudo alfabetizado, despreparado e pronto para servir, mas que será sacrificado quando não suportar mais a carga.

    Enquanto o povo aceitar as verdades mastigadas e maquiadas pelo governo com sua "ajuda de custo", os poucos que saíram desta caverna para ver o que provocava as sombras na parede, sofrem, afinal não vivem de "bolsa", e tampouco conseguem conformar-se com esta vida de gado.

    ResponderExcluir
  2. "A mudança nos valores pessoais é inversamente proporcional ao valor que o povo tem para os que detém o poder... "

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Linhagem do Candomblé Kêto no Brasil

Linhagem do Candomblé Kêto no Brasil – Por Alan Geraldo Myleo As informações que seguem foram retiradas do livro de Pierre Verger – Orixás – Deuses Iorubás na África e no Novo Mundo. A construção dessa linhagem que segue gera, até hoje, muitas divergências pois, além se serem baseadas em versões orais, envolvem uma certa vaidade devido a importância histórica, social, cultural e religiosa que envolvem tais versões. 1º Terreiro de Candomblé Kêto (oficialmente reconhecido) (Primeira metade do séc. XIX) Ilê Axé Iyá Nassô Oká Barroquinha, Salvador – BA 1ª Yalorixá - Iyá Nassô 2ª Yalorixá – Marcelina Obatossí 3ª Yalodê ou Erelun(como era conhecida na sociedade Geledé) Nome de batismo: Maria Júlia Figueiredo Obs: essa é considerada a primeira linhagem da Nação Kêto fundada com o auxílio do Babalawô Bangboxê Obiticô. Segundo algumas versões orais, YáNassô era uma das três princesas vindas do Império de Oyó( junto com Yá Acalá e Yá Adetá) que foram alforriadas por...

Por que evangélicos neopentecostais odeiam tanto as religiões afro?

Concorrência. Tantos os terreiros e centros de umbanda e candomblé quantos as igrejas neopentecostais se concentram nas periferias e favelas. Elas disputam um mesmo público em um mesmo espaço geográfico. Nas favelas e periferias estão as piores e mais frequentes mazelas. Drogas, violência doméstica, violência do tráfico, violência da polícia, falta de hospitais e escolas decentes. Na favela está concentrado o sofrimento geral que a pobreza causa. E tanto pastores e pastoras quanto pais e mães de santo estão atendendo e consolando essa gente sofrida. Cada uma consola a seu modo. Porém é comum as igrejas neopentecostais declararem ódio e intolerância abertamente contra "macumbeiros" como uma estratégia de manipulação e proveito da ignorância alheia. Um evangélico que mora na favela sempre tem um vizinho macumbeiro. O discurso do medo, do diabo, do feitiço, um pensamento medieval que ainda custa a vida e a honra das pessoas. Um macumbeiro não tem um evangélico como inimigo, a ...

Tem agente que não é gente.

O conceito de agente público, servidor público, é um dos alicerces fundamentais do processo civilizatório que o Brasil quase não tem. Um agente público serve o público, defende o público, o interesse, os direitos, a segurança, os corpos e os lares do público. Público é o conjunto de cidadãos que pagam os impostos, que por sua vez pagam os salários, aposentadorias e todos os recursos para que existam as instituições públicas. Só que o agente precisa ter esse conceito e essa "crença" no papel social do SERVIÇO público. Antes de reparar no pior, vamos reparar no melhor. Se existe escola, hospital, coleta de lixo e outros serviços públicos que funcionam, bem ou mal, é graças aos bons servidores públicos. Se ainda há crianças aprendendo a ler e escrever, hospitais atendendo pessoas é graças aos bons servidores públicos. E a coisa toda, da polícia ao sistema funerário, só não é melhor por causa da quantidade enorme de pessoas despreparadas moralmente, psicologicamente e intelectua...