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Barreiras da Humanização


Ensinar é uma arte. Seus obstáculos são complexos. Fórmulas ou técnicas para transpor tais obstáculos não existem, pois não existem fórmulas para os seres humanos. O principal obstáculo é a própria adolescência. O período adolescente é, naturalmente, confuso e conturbado devido todo o processo de transformações. É o período de reconhecimento e adaptação ao mundo externo assim como o período de aprender a lidar com as principais decisões. Todas. Das mais individuais e intimas às mais coletivas. As decisões individuais estão claras e definidas em sua consciência. Sexualidade, profissão, amizades, sentimentos. Porém as decisões coletivas não fazem parte de sua consciência. Na lógica individualista do conceito de liberdade e democracia a coletividade perde instantaneamente seu valor. Valores humanos se convertem em valores estéticos. Diálogos sociais se convertem em diálogos erotizados.
O moralismo cristão ainda assombra os valores adolescentes. Reproduzem-se pelos meios de comunicação, pela educação familiar. Culto à violência e todos os tipos de preconceito também se reproduzem à moda antiga. Mas, que moda antiga? A moda de uma época em que o moralismo cristão (católico e protestante) era a base da mentalidade do mundo ocidental. Tempo em que os preconceitos sobre sexualidade e etnias eram sustentados pelos princípios religiosos.
Hoje, a libertinagem de um mundo em que sexo e violência são produtos de alto consumo e demasiado culto, são ao mesmo tempo regados e direcionados pelos padrões moralistas em relação àquilo que vai à lógica dos padrões impostos pelos meios de comunicação. Cabe lembrar que os meios de comunicação são sustentados pela super rede de marketing que reproduz o modo de vida estadunidense, promovendo a cultura de consumo. Mesmo o tipo de violência e sexo é direcionado com valores. Por exemplo, o sucesso “American Pie” e outros do gênero.
Deparamos-nos então com um paradigma em que a hipermodernidade dos padrões e produtos de consumo e os moralismos cristãos se misturam na formação da mentalidade adolescente. Podemos também associar a esse moralismo a forma de resistência com o que é novo, ou melhor, com o que diferente daquilo imposto pelos meios de comunicação.
Os jovens encaram coisas “diferentes” como algo ruim. A diversidade é combatida com o Bulling. O juízo de valor do adolescente globalizado é formado por todo o contexto abordado. Portanto a ação educativa depende e é limitada por essa questão. Coletivismo, cidadania, humanismo e diversidade são coisas estranhas aos adolescentes.
           

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