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Sorrisos de Concreto - por Larissa Miranda Silva

São Paulo a antiga cidade da garoa, Agora é a cidade da poluição E da alta população. São Paulo agora é a minha cidade, E de mais 12 milhões de habitantes, Alguns milhões de imigrantes,  Imigrantes de longa data Que se aconchegaram e fizeram estada. Criaram bairros pelas suas culturas em massa,  Moóca, Bexiga, Brás e Liberdade, Sé, Luz, Lapa, Osasco. Olha só, já chegamos em outra cidade. São Paulo, Grande São Paulo  Minha São Paulo da cultura e da poluição, Da diversidade na população,  Do trânsito e da confusão, Cidade de referência mundial, Mas referência do que? Dos lixos nas ruas, das obras inacabadas, Do sistema de transporte público superlotado, das escolas sem ensino, do tráfico, dos assaltos e sequestros? Ah claro que não, referência mundial quando falamos em cultura, em economia e evolução Em bares e festas, em mercado de trabalho, em museus, parques e shoppings, quando falamos do rico, das fac

O Negócio É O Ócio

No marasmo da inutilidade de mim mesmo Penso talvez que pudesse por vez Inventar, produzir, fazer e refazer Algo que fosse, assim de minha posse Que pudesse, quem sabe, servisse Para algo, tão simples que fosse. Tipo o talco pra frieira Um terço pra uma freira Ou barraca numa feira. Mas logo, muito em breve, bem sutil como neve, Uma preguiça me consome, uma moleza de moléstia Me abate como um touro no corredor do matadouro. Mas de repente, não mais que num repente Me volto pra mim mesmo, em um surto de momento Banhado em arrependimento, me açoito, me condeno Vagabundo, imprestável, cão sarnento. Penso, repenso, dispenso, compenso Do tempo perdido na preguiça Feito inseto, parasita, carrapicho Urubu sedento na carniça. Então me faço forte como poste em rua escura Penso que em mim mesmo erguerei uma estrutura De muita honra, altivez e bravura. Trabalhar, conquistar uma postura De gente decente com altura De chegar, poder f

A ÉTICA CRISTÃ E A MANUTENÇÃO DA DESIGUALDADE

Dentro das estruturas básicas que compõem as sociedades existem aquelas que são mais determinantes. São essas estruturas: economia – política – cultura – religião. Em uma definição simplificada, a economia determina todas as condições de sobrevivência material de um grupo. A política organiza tal grupo em suas relações e administração. A cultura determina os hábitos e a maneira de enxergar o mundo. A religião estabelece os dogmas, a ética e a moral que servirão como base para a sustentação das relações sociais estabelecidas. Na idade média, marcada pela expansão e fortalecimento da Igreja Católica Apostólica Romana, estabeleceram-se determinadas verdades e dogmas, assim como padrões de ética e moral. Inspirados no discurso cristão em que bens materiais e riquezas não levam a salvação nem ao paraíso, a igreja conduziu seus ensinamentos para fazer com que o povo se conformasse com sua condição de pobreza. Instituiu o trabalho como castigo aos pecadores, segundo a tradição

A Classe Média e a Manutenção da Desigualdade

A classe média brasileira é, atualmente, a mais numerosa entre as classes sociais existentes hoje. Nossa divisão social atualmente é representada pela seguinte tabela: Fonte: http://controle-financeiro.blogspot.com.br/2008/01/diviso-de-classes-sociais-no-brasil.html De acordo com o site R7 “Mais de 29 milhões de pessoas entraram para a classe C entre 2003 e 2009. Com isso, a chamada classe média passou a ser composta por 94,9 milhões de pessoas, representando 50,5% da população brasileira, segundo estudo da FGV (Fundação Getulio Vargas)”. (fonte: http://noticias.r7.com/economia/noticias/classe-media-do-brasil-ja-representa-mais-da-metade-da-populacao-20100910.html )              Tal classe média tem importantes representações. Economicamente representa a classe mais consumidora. O principal público do consumismo de massa. É a mola propulsora do capitalismo industrial, dos meios de comunicação em massa e de entretenimento. Politicamente, a classe média representa o que te

Sou o que sou pela soma do que já fui.

                                                             Salvador Dali Oh que saudades tenho, daquilo que sentia tão intensamente sem saber mesmo que tudo aquilo não passava de ilusão. Mas oh doce ilusão. Que saudades tenho de ti. Ilusão de ser verdadeiramente amado por aquela que nem mesmo sabia o que era o amor.    Saudades tenho de minhas dúvidas sobre Deus. Se ele existia ou não. Se minhas orações em momentos de profunda angústia, por não ter o rosto de uma paixão nas palmas de minhas mãos, eram realmente ouvidas por algo ou alguém. Como me sentia abandonado por Deus, pelos anjos, pelo espírito, santo ou não.         Quanta ilusão assombrava meus sonhos. Disso não tenho saudades. Sonhar em ser notado, admirado por pessoas que nem mesmo conheço. Enquanto isso, aqueles que me percebiam eu não os percebia. Aqueles que me amavam eu não percebia. Aqueles que me admiravam eu não compreendia. Que sonho ruim, quase pesadelo, sonhar em ser quem não se pode ser.