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Carisma e autoridade: A difícil tarefa de enfrentar adolescentes





O choque de gerações sempre existiu e sempre vai existir. Os adolescentes não entendem os adultos. Não entendem o mundo, sua vida nem a si mesmos. Aliás, não é da natureza da adolescência compreender as coisas. A marca desta fase da vida é a incompreensão.

A incompreensão deles sobre o que é certo ou errado, sobre o que é bom ou ruim para si mesmos, torna extremamente necessário, à vida dos adolescentes, referências de autoridade.

Os adolescentes de hoje, que tem pais que foram adolescentes nas décadas de 80 e 90, vivem um interessante fenômeno que é a falta de autoridade em suas vidas, salvo as exceções. Ou seja, o comportamento de muitos adolescentes em ambientes sociais como a escola, em grande parte, é reflexo de uma certa carência de autoridade. Daí surgem sérios conflitos entre alunos e professores.

A maior reclamação da maioria dos professores atualmente é, sem dúvida, a falta de respeito e o descaso de adolescentes em relação aos professores. A questão é que tal falta de respeito é quase espontânea, inconsciente.  A grande maioria dos alunos (as)que não respeitam os professores, também não respeitam os pais, avós, tios, irmãos mais velhos. O que dirá respeitar estranhos. Não há a referência de que uma pessoa mais velha deve ser respeitada. Portanto caro (a) colega, quando isso acontecer respire, se acalme e lembre que não é pessoal.

Mas como lidar com isso? Uma boa combinação é carisma e autoridade em equilíbrio.

É necessário se impor como autoridade daquele espaço (sala de aula). Não se render à insistência, nem fazer vista grossa aos detalhes que demonstram falta de respeito com o professor, ou mesmo outro aluno, é muito importante. Muitas vezes isso pode resultar em sérios conflitos, gritos e desafios. Porém não faça do momento de “fúria” o desfecho da situação. A “fúria” (controlada) perante a sala serve de exemplo para os demais. Porém nunca deixe o (a) aluno (a) em conflito tomar “ódio”. Continue o processo com um sério diálogo em particular (de preferência com outro professor ou funcionário). Mostre a ele (a) que você não é inimigo. Que toda a situação foi causada por ele mesmo. E que você está disposto a recomeçar a relação professor/aluno. Esclareça que o respeito é a única opção naquela relação. No fim reafirme sua autoridade.

Como disse Maquiavel “(...) o príncipe não precisa ser amado, (...) mas não deve ser odiado (...)”. Assim também é com o professor. O carisma é um adjetivo presente em quase todos, mesmo que em diferentes graus. Se não fosse assim as pessoas não teriam amigos. Ser carismático com adolescentes ajuda a conquistar respeito. Não é difícil fazer isso. O primeiro é lembrar que também fomos adolescentes. Outra coisa importante é ouvi-los como pessoas de verdade. E não apenas como jovens ignorantes, desinteressados, alienados, depravados e sem respeito e limite. Mesmo que muitos sejam, não os trate com desprezo. Com alguns é bem difícil não ser assim. Muitas vezes isso não surte efeito algum, mas é importante tentar. Mais de uma vez. Também aprenda com eles. Ouça suas músicas. Pergunte sobre seus gostos. Pergunte a opinião deles. Adolescentes também pensam e sentem. Mesmo que de uma maneira confusa.

Tente usar carisma e autoridade com equilíbrio que sua profissão ficará menos difícil.



Comentários

  1. Muito pragmática e cognitiva a sua fala,porém
    muitos dos professores de hoje não têm, ainda
    elaborado o, exato, sentido de autoridade com equilíbrio.Portanto, fica quase impossivel ser visto pelo aluno adolescente como sujeito carismático.Entretanto,a sua orietação é um dos
    poucos caminhos, para o equilíbrio docência X autoridade.

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  2. Me perdoe se estiver confuso , mas acredito que ser pragmático e cognitivo , são qualidades , inerente a experiência no ofício .
    Admiro realmente a posição do querido Alan , em orientar professores na tarefa árdua de ordenar uma sala , se estabelecendo de forma inexorável .
    O fato que o adolescente preza muito mais aquele professor que se estabelece primeiro como pessoa a ser respeitada , evitando recursos do tipo " Sou merecedor de respeito ,pois sou professor " . A autoridade é conquistada quando vemos o exemplo no próximo , sendo ele professor ou não .
    O adolescente anseia exemplos de pessoas que provam que podem se estabelecer naturalmente , no seu desnudar , para assim constituir-se .

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