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A felicidade, segundo os Orixás.


"Quando da criação do mundo, os Orixás se reuniram para organizar as coisas entre os homens, a natureza e tudo o que passaria a permear a existênicia humana. Depois de tudo posto em seus devidos lugares, segundo o consenso dos Orixás, sob o ministério de Oxalá, sobrou um último e problemático tema: a felicidade. Muito se tinha discutido sobre o assunto. O que fazer? Onde colocar a felicidade para que os seres humanos possuíssem esse sentimento tão importante para eles? Todos opinaram sobre o que fazer com a felicidade. Ogum quis colocar na luta, nas batalhas e conquistas, mas não convenceu a todos e nem a Oxalá. Odé(Oxossi) pensou em depositar a felicidade na fartura, no pão de cada dia, no alimento. Ossãe opinou pelo mistério, pelo segredo das coisas. Em vão. Obaluayê pensou em depositar a felicidade na caridade, na ajuda aos pobres. Na humildade. Oxumarê, então quis optar na transformação. A felicidade nas mudanças. Nanã
pensou em depositar na integridade pessoal. Na seriedade. Na honra. Yansã disse que o lugar ideal seria na sinceridade. Que a felicidade mora na verdade, mas não convenceu. Obá colocou como lugar ideal, a dedicação. Ewá, propôs a intuição, na boa visão das coisas. Enquanto isso o mais terreno e humano dos Orixás permanecia quieto. Calado. Para a surpresa de todos. Nisso Oxum disse que o melhor lugar seria a maternidade, a fertilidade e junto com isso a riqueza, o ouro. Mas sem sucesso. Então Logun Edé, com sua graciosidade propôs a vaidade, junto com a fartura e a riqueza como o lugar mais apropriado. Então veio o grande rei Sangô. Propôs que a felicidade ficasse na mais bela virtude: a justiça. Mas, de novo, sem sucesso. E veio Yemanjá, com toda sua sabedoria opinou pela família. A felicidade estaria na família. Sem consentimentos. Por fim, Oxalá propôs a paz como moradia da felicidade. 
Depois de muita discussão. Avaliações. Discursos de defesa de suas propostas, não chegavam a nenhum consenso. De maneira alguma. Então, depois de muito tempo, notaram que Exú continuava em silêncio. Dirigiram-se até ele e perguntaram. 

-Ora. O mais astuto e auspicioso dos Orixás não vai dizer nada? 

Então, com um ar de um tanto quanto sarcástico e irônico, porém com muita seriedade, Exú disse:

-ora meus caros, todos, com sua grandeza, sabedoria, conhecimento e tantas outras virtudes, propuseram as mais variadas hipóteses, circundando as mais belas e complexas virtudes humanas, mas esqueceram de um lugar. O mais simples. O mais próximo dos seres humanos e que, com certeza, o mais justo dos lugares onde poderá habitar a felicidade: dentro de cada um. Dentro de si próprios. Só quem olhar pra dentro de si mesmo encontrará a verdadeira felicidade. No ori e no ikan, na mente e no coração de cada um deve morar a felicidade. E a partir daí todos os outros lugares propostos anteriormente serão passíveis de serem alcançados."

-Ora. O mais astuto e auspicioso dos Orixás não vai dizer nada? 
Então, com um ar de um tanto quanto sarcástico e irônico, porém com muita seriedade, Exú disse:
-ora meus caros, todos, com sua grandeza, sabedoria, conhecimento e tantas outras virtudes, propuseram as mais variadas hipóteses, circundando as mais belas e complexas virtudes humanas, mas esqueceram de um lugar. O mais simples. O mais próximo dos seres humanos e que, com certeza, o mais justo dos lugares onde poderá habitar a felicidade: dentro de cada um. Dentro de si próprios. Só quem olhar pra dentro de si mesmo encontrará a verdadeira felicidade. No ori e no ikan, na mente e no coração de cada um deve morar a felicidade. E a partir daí todos os outros lugares propostos anteriormente serão passíveis de serem alcançados."



Busque a felicidade dentro de si mesmo. Pois é lá que ela mora.

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