Humanizando

Tenho suspirado de angústia com frequência incomum. Procuro motivos na minha consciência, na minha vida, na minha essência. Nada encontro. Encontro apenas vestígios de altruísmo que me faz sofrer. Sofrer por saber que tudo tende a perecer. Perante tanta intolerância, me esforço por esclarecer. Mas por vezes me convenço Que o que sinto e o que penso Não se faz compreender. O que pra mim parece óbvio Para os outros é como ópio Delírios do altruísmo Que tanto faz sofrer.

Meu beijo, meu sexo, minha pele. Meu cabelo, minha cor, meus lábios. Meu ritmo, minha voz, minha gargalhada. Meu desejo, meu prazer, meu suor. Minha necessidade, minha felicidade, minha vida. Imoral? É você fazer de mim o seu mal.

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Alma  A alma salta do corpo em desejo próprio.  Desejo ausente de cor e de gênero. Desejo apenas.  De tato, carícia e afeto.  A alma é escrava do corpo.  De cinco sentidos sentindo. O fascínio da existência do outro. 

A árvore é mais viva do que a vida que percebe vida. A árvore de vida vivida apenas vive. Não percebe. Vive vida plenamente. Vive em si, sem ser pra si. Vive para a vida da vida. Do ninho, da flor, do chão. Da minha.

A lua sorri As aves partem O sol descansa. O verde se assombra A brisa assopra O céu me absorve. Sou água Sou guache Pincel em papel Sou arte. Humilde. Verdade.