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Mostrando postagens com o rótulo Reflexões

Matemática da desigualdade sem números

Às vezes, quando estou entediado, fico pensando na desigualdade. Talvez, por excesso de conforto e felicidade, me ponha a preocupar-me com os problemas dos outros. Fico com teorias malucas, sem sentido, que não servem pra nada. Mas mesmo assim insisto. Talvez me faça parecer sensível, intelectual. Como se eu fosse alguém que se importa com os problemas do mundo. Tento entender a matemática por traz de tudo. Matemática. A desigualdade é uma questão de matemática.  Não é teoria, política, ideologia, filosofia. É matemática. Poderíamos talvez dizer, por assim dizer, que aquilo que chamamos de riqueza é resultado da soma das coisas que existem na natureza com a força de nosso trabalho, que transforma tais coisas em outras coisas.  E essas coisas que vem de outras coisas e que geram ainda outras coisas vão se multiplicando na medida da engenhosidade e empenho de quem as multiplica. Porém, tal engenhosidade e empenho têm um limite humano. Se a propriedade privada é

Metanoia - Por Bruna Resende

Sempre sonhamos com coisas grandes e esquecemos das pequenezas cotidianas, essas sim são grandiosas por natureza. O maior legado que a gente pode deixar são as pessoas com quem nos relacionamos ao longo de nossas jornadas; as maiores coisas, os maiores sonhos e os maiores milagres residem nas mais simples ações. Daqui pra frente é tudo muito incerto, a certeza de acordar todas as manhãs e ver os mesmos rostos darão espaço à aflição de enfrentar uma nova realidade, mas, com o tempo, esse "novo e assustador" lugar se tornará comum, um novo lar. E é assim que a vida segue, mutante e inconstante, teremos sempre medo, mas um dia, como qualquer ser vivo, a gente se acostuma.

No Dia de Consciência, Eu Vi

Aquele dia era um belo dia. Um dia de cores. De sol. De sabores, saberes, odores. Teve chuva também. Foi no Vale do Anhangabaú. 20 de Novembro de 2013. Quarta feira de primavera/verão. Tinha comigo duas crianças pretas. Eu? Sou branco. Branco preto. As crianças eram pretas. Pretas pretas. Por algum motivo, muitas pessoas, pretas e brancas, pretas brancas, pretas pretas, brancas brancas, viram em nós algum tipo de atração, curiosidade... sei lá. Vinham tirar fotos. Do branco com os pretinhos. E me perguntavam: são seus? E eu respondia: sim são. Abria-se um sorriso e uma interrogação. Mas seus mesmo? Sim. Meus meus. Como? Não importa como. São meus. Só isso. Nunca imaginei que um branco com crianças pretas chamaria tanto a atenção no meio do dia de consciência. Será minha consciência? Naquele dia vi muitas cores. Muitos tons. Cabelos de todas as formas e densidades. Com acessórios e sem. Com panos e sem. Com dreds e sem. Lenços e chapeis, tranças e mais tranças. Que lindos cabelo

O que será?? .. medo?

O que é o fim do mundo? A morte de tudo? A morte do homem? A morte da vida? A morte de mim? Por que temer aquilo que acabará com o sofrimento? Ou melhor, será mesmo que a morte é o fim do sofrimento? Ou o fim em si mesma? Uma criança teme a morte por que não a conhece? Ou porque sabe que não mais terá os prazeres da infância? Será apenas, talvez, a manifestação de um instinto biológico de sobrevivência? Haverá o fim do mundo? Ou isso é apenas uma metáfora que representa cada mundo que construímos e destruímos ao longo da vida? Quanto tempo resta à nossa espécie? Alguns dias, como prevê as interpretações do calendário Maia? Algumas gerações como preveem os ambientalistas? Ou longos séculos como imaginam os ficcionistas? O medo da morte é o medo do sofrimento? Da perda dos entes queridos? Da perda dos bens materiais? Da perda das coisas que causam conforto e prazeres mundanos? Do abandono daqueles que dependem de nós? Da possibilidade de não haver permanência da alma? Do implac

O que você espera?

Espero ser feliz. Espero conquistar um grande amor. Espero não me machucar. Espero me divertir ao máximo. Espero que as pessoas gostem de mim. Espero que as pessoas que eu gosto sejam felizes. Espero ter sucesso na vida. Espero ter um bom emprego. Espero poder ajudar as pessoas. Espero aprender muitas coisas. Espero desenvolver dons artísticos. Espero superar minhas dificuldades. Espero me tornar uma pessoa melhor a cada dia. Espero ter paciência com os ignorantes e compreensão para com os incompreensíveis. Espero que as pessoas que dizem me amar entendam meus defeitos e ações. Espero não magoar meu próximo. Espero não ofender outras pessoas. Espero ter sempre coisas saborosas para comer. Espero não ter problemas de saúde. Espero ser capaz de superar com facilidade qualquer problema que me ocorra.  Espero... Espero... Espero....  é... acho que nunca conseguirei... mas... espere um pouco... e se eu substituir a palavra espero por quero... ah... aí tenho mais chances, afinal "q

Teoria do Amor Verdadeiro

Para a harmonia das relações humanas não há fórmulas. Porém temos que buscar pensá-las constantemente. E qual é a mais significativa e relevante relação humana? O AMOR. O amor é capaz de desequilibrar qualquer ser humano. Tirar do foco, por mais importante que seja esse foco. Muda radicalmente a vida das pessoas sem que elas tenham controle sobre o isso. Muitos, se não a maioria, vivem pelo e para o amor. Buscando algum amor em algum lugar. Lutando por um específico, porém impossível. Vivendo na contemplação platônica, consciente e conformado com a não concretização desse amor. Há também as desilusões. Traições. A perda da pessoa amada. Há ainda o amor inesperado. Inusitado. Quase impossível pelas condições sociais, de gênero, cor, classe. O amor   aviva e destrói. Em diferentes medidas, contextos e momentos. O amor é egoísta. Individualista. Não abre mão de vaidade por nenhuma situação. É também traidor. Pela própria vaidade. Contudo, é provável ou possível um amor verdade

Palavrões... sem moralismo e sem ofensa

          A expressão verbal é um dos principais atributos que compõem a evolução humana. E, como todas as manifestações culturais, ela, a expressão verbal, é regrada por moralismos.                    O sexo, a sexualidade e os órgãos sexuais são naturais aos seres vivos, e nos humanos são condicionados por questões culturais. De certa forma, desmoralizados por muitas culturas.                  Prostituição é uma profissão. Aliás, umas das mais antigas do mundo, uma vez que, em uma época em que quase não havia comércio as mulheres trocavam o calor de seu corpo e de seu afeto por bens e benefícios.             Existem muitos tipos de adjetivos, em nossa língua, que podem ser usados para denegrir a imagem, qualidade ou integridade de outras pessoas. Também para expressar raiva, ira, indignação e outros sentimentos negativos. E em alguns casos positivos, como no caso de um orgasmo ou em uma grande surpresa. Porém adjetivos que expressem tais sentimentos, que pertencem aos m

Verdade

Não há beleza na verdade. Na verdade só há verdade. Na verdade há força, há honra, há honestidade. Há também incompreensão. Há intolerância. São tamanhas as barreiras da verdade, que muitas vezes, omiti-la é uma saída pacífica para o que pode se tornar uma guerra onde nunca haverá um vencedor. Ninguém perde por ser verdadeiro. A verdade traz força na palavra. Traz força no caráter. Mesmo que essa verdade seja inconveniente, chocante e quebre todas as regras e padrões que até então estão postos como verdade. Ser verdadeiro é uma virtude que agrada a poucos e falta a muitos.

simpli(feli)cidade

O que é felicidade? De quem depende a sua felicidade? Da opinião dos outros? Do que pensam de você? Se acham que você é bonito (a)? Ou não? Será que a felicidade se traduz e limita àquilo que nos é ensinado como felicidade? Agir como se quer ou como as pessoas acham que é correto? Ficar preso aos padrões sem se ater ao bem-estar? Estar bem. Esse é o mais importante sentimento ou sensação. Estar bem, se sentir bem, feliz... é o sonho de todos, mas nem todos, ou melhor, a maioria das pessoas não percebem que isso pode ser muito mais fácil que parece. Raul já dizia, "o homem é o exercício que faz". É preciso exercitar nossa alma, nossa mente e nosso coração para que as coisas simples da vida nos façam feliz. Exercitar-nos para que os infortúnios sejam encarados como necessários para o crescimento próprio e sempre ver no outro suas virtudes antes dos defeitos. 

Você é culto?

O que é uma pessoa culta? Você se considera culto? Você ouve Chico Buarque de Holanda, Vinícius de Morais e Tom Jobim? Vivaldi, Mozart e afins? Freqüenta peças teatrais, apresentações de orquestras sinfônicas, balés...? Lê Machado de Assis, Shakespeare...? Você adora vinho tinto seco, queijo gorgonzola...? Ou seja, você cultiva hábitos e gostos semelhantes a esses e se considera culto, certo?  ERRADO. Em uma definição simplista e comum, cultura é o conjunto de manifestações artísticas, sociais, lingüísticas e comportamentais de um povo ou civilização. Ou seja, tudo é cultura. O gosto cultural é a diferença. O gosto cultural é definido e imposto de acordo com o local, com as pessoas, com meio em que se vive. “O homem é, culturalmente, fruto do meio.” É muito comum ouvir pesadas críticas à regionalismos culturais com teor discriminatório e racista. Daí provém, inclusive, a expressão folclore, tão pedagogicamente usada. Esse termo foi criado exclusivamente com o objeti

Uma Oração Racional

    O céu ou a terra? Quando a grande força criadora, o mistério, a origem de tudo, Olodumáre, Zambe Maior, tudo criou, criou mutuamente a energia e a matéria, ou melhor da energia criou a matéria, como dizem os defensores do “Big Bang”. A matéria Ele dividiu em quatro elementos e criou as condições das infinitas metamorfoses desses elementos. Olodumáre deu a este planeta a vida que conhecemos. A força vital que criou todas as outras formas de vida. A vida que criou a vida. A vida que nos criou. E criou nossa consciência. A habilidade de saber que sabemos. A capacidade de questionar. A insaciável dúvida. A infinita curiosidade. Com essa capacidade passamos a nos “religar”. Buscar. Louvar. Pedir e agradecer àquilo que criou a vida, que por sua vez, nos criou. E então voltamos à origem. Ou melhor, nossa consciência nos apresenta nossa origem. Nossa curiosidade nos apresenta a origem material criada pelo princípio da energia, criada por Olodumáre, ou o Mistério. Os quatro

A Era da Alienação

     A geração jovem do séc. XXI encontra-se dominada por um perigoso fenômeno: a alienação em massa. A alienação à qual me refiro é aquela em que as pessoas são totalmente alheias aos acontecimentos políticos e sociais que as cercam; são bloqueadas mentalmente de qualquer tipo de reflexão ou sensibilidade social; consideram totalmente dispensável qualquer tipo de exercício mental ou espiritual; contentam em direcionar todos os esforços de suas vidas ao lazer, prazer entretenimento.      As gerações das décadas de 1990 e 2000 estão sendo derrotadas pelos meios de comunicação em massa. Uma total aceitação de todo tipo de entretenimento não construtivo e alienante é diretamente proporcional à despolitização dos jovens e adultos.      Não existe mais curiosidade. Os adolescentes não praticam a curiosidade. O intelecto e a erudição não são mais um fator de socialização, auto-afirmação ou mesmo status. Não devemos afirmar que a estética corporal e facial eram insignificantes,

Educação Humanista!

Educação funcional. Vestibular? Carreira? Emprego? Vida pessoal? Emocional? Politização? Seria de grande valia se pudéssemos descartar o quesito vestibular devido seu caráter antipedagógico e funcional enquanto construção de conhecimento. Porém a seleção é algo inevitável em um sistema em que tecnologia, superpopulação, desigualdade social e de direitos são fatores que se somam em prol da livre e injusta concorrência. Nessa mesma realidade, emprego e carreira são separados do processo de politização, formação social, pessoal e emocional ainda nas instituições de ensino básico. Fatores que deveriam fazer parte de um todo são separados ainda na formação básica. As bases pedagógicas do ensino no mundo capitalista se limitam a vida profissional. Vestibular é um mecanismo de seleção que há anos utiliza-se do ensino positivista para o processo de seleção de quem está apto a continuar os estudos dentro de um modelo de especialização para o mercado de trabalho. Essa lógica que poderi

Barreiras da Humanização

Ensinar é uma arte. Seus obstáculos são complexos. Fórmulas ou técnicas para transpor tais obstáculos não existem, pois não existem fórmulas para os seres humanos. O principal obstáculo é a própria adolescência. O período adolescente é, naturalmente, confuso e conturbado devido todo o processo de transformações. É o período de reconhecimento e adaptação ao mundo externo assim como o período de aprender a lidar com as principais decisões. Todas. Das mais individuais e intimas às mais coletivas. As decisões individuais estão claras e definidas em sua consciência. Sexualidade, profissão, amizades, sentimentos. Porém as decisões coletivas não fazem parte de sua consciência. Na lógica individualista do conceito de liberdade e democracia a coletividade perde instantaneamente seu valor. Valores humanos se convertem em valores estéticos. Diálogos sociais se convertem em diálogos erotizados. O moralismo cristão ainda assombra os valores adolescentes. Reproduzem-se pelos meios de comunicaçã

Adolescentes do mundo, despertai-vos!!!

O mundo é uma droga. O meu mundo é uma droga. A vida alheia é um paraíso. Ou não. Todos são felizes, menos eu. A insaciável condição de felicidade é uma arma de consumo. Sites de relacionamento sustentam uma condição de ser/ter ideal. Fazer de sua vida a cópia de padrões consumistas e americanizados em que a popularidade baseia-se no rosto, no corpo e nos bens “perfeitos” faz parte da incessante busca adolescente. A própria internet se tornou um recurso de reprodução de padrões “globali(amercani)zados” de comportamento e aparência. Adolescentes do mundo, despertai-vos!!!