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Mostrando postagens de outubro, 2016

Amo e amei

Se um dia pudesse ser alguém que amo ou amei Pra ter ideia do quanto eu seria amado Se fosse eu a pessoa que amo ou amei. Se eu pudesse ser alguém que amo ou amei para ter ideia do quanto já gastei pensamentos e batimentos. Suspiros, risadas e sofrimentos. Quanta dor e alegria sinto e senti cada vez que amei algo ou alguém. Amo e amei muitas pessoas. De diferentes maneiras, em diferentes medidas, com diferentes mutualidades. E continuarei amando. E nos meus momentos de solidão é quando mais amo. E solidão daquela que vem de dentro é a que mais incomoda. Ela vem não importa onde, nem quando ou com quem. Ela vem. Cercada de gente e barulho, mesmo assim ela vem. E eis que a vida, de repente se resume em suportar solidões. Expectativas abstratas de necessidades futuras que ainda não existem. Amo e amei tudo que fiz, mas nem tudo que errei. Erros não são para ser amados. O resto eu amo e amei. Gente, planta, bicho, mato. Um dia me disseram sete estr

O que faz meu existir?

Não há lugar mais solitário do que as multidões urbanas de nosso tempo. A rotina do trabalho na babilônia paulistana aglomera melancolias e sofrimentos. Frustrações e vícios. Aglomera rostos e olhares que denunciam sofrimentos acumulados. A textura da pele e as olheiras acentuadas expressam o nível social e os possíveis ofícios de cada um. A estudante de pele macia e maquiagem moderada. Domestica de idade avançada e mãos grosseiras. O enfermeiro vertido de branco com a expressão de noite acordada. O vendedor ambulante com a sacola escondida, atento aos guardas que não guardam quase nada além das ordens dadas por quem manda e desmanda. Cada uma das pessoas fazendo aquilo que lhe resta dentro dessa máquina que chamam se sociedade capitalista. Fazendo o que lhe é mais necessário, e talvez mais digno. Aquilo que lhe escraviza, e talvez liberta: trabalho. Pessoas sendo consumidas para sobreviver ou para enriquecer. Pessoas se consumindo escravizadas por sua pobreza ou por sua ava

E lá se vão

E lá vão lágrimas ao vento. Há sensações indescritíveis em certas passagens da vida. Sensações que só o tempo nos impõe. Sensação de tempo vivido. Geração transpassada pelo relógio. Lá se vai a juventude do cachorro, cego, surdo e sem dentes. Do cavalo que de tão velho nem mais consegue trotar. Do mato de espinho invadindo um pomar que quase não dá. A casa cheia de pó. Um fogão de lenha que uma floresta inteira já transformou em brasas.   Ele agora é frio, sem cheiro, sem fogo sem nada. Até aquela árvore de copa sombrosa agora é pau podre sem vida, sem folha nem sombra. A vovozinha, passo por passo, na lentidão de um corpo ultrapassando quase uma dezena de décadas. Tempo resumido uma vida humildade das gentes da roça, de vida simples e pacata. E lá se vão lágrimas de saudade. Lá se vão voltas de relógio e de estação. Lá se vai a juventude das coisas. Lá se vão esvaindo os vestígios de memórias e sensações. Lá se vai o tempo.

O que nos resta

E o que nos resta pobre cidadão pobre. Resta-nos tocar a vida com dignidade. Ganhar o pão de cada dia. Compartilhar mais exemplos que ideias. Resta-nos ser honestos. Garantir o pão de cada dia. Não se entregar ao consumismo que só nos consome, nem à vaidade que só nos afoga. Resta-nos fazer da própria profissão uma ação digna de qualquer ofício. Digna de memória pela contribuição de si mesmo para algo além do próprio interesse.   Resta-nos a luta contra os preconceitos e intolerância. Apreciar as artes. Valorizar os outros. Elogiar os amigos. Amar as crianças. Resta-nos viver cada dia sendo uma pessoa que faz alguma diferença entre as outras pessoas. Resta-nos sermos nós mesmos. Resta-nos continuar influenciando as outras pessoas pelo exemplo mais que por palavras. Resta-nos compreender os tolos e não odiá-los. Resta-nos ser amáveis com os humildes. Resta-nos a consciência de que a luta continua. Ela é incessante e cotidiana. A luta contra si mesmo. Contra seu